Para quem não conhece a Alpine, estamos a falar de uma submarca do grupo Renault completamente obcecada com o prazer do ato da condução. Porém, apesar de muitos acharem que desportivismo e eletrificação não podem andar de mão dada, a realidade é que depois de uma primeira tentativa com o A110 em 2017, esta é uma marca completamente virada para a inovação e eletrificação. Como até já tivemos a oportunidade de ver com o A290 (que já testámos -> leia aqui).
Podemos até chegar ao ponto de dizer que a Alpine quer ser a primeira grande fabricante a conseguir lançar carros elétricos de facto capazes de oferecer uma experiência de condução “à antiga”, onde seja possível sentir tudo e mais alguma coisa.
Algo que, sejamos muito honestos, está a revelar-se um pouco complicado no mercado automóvel atual. Será que temos aqui a mudança de paradigma? A Alpine diz que sim.
Alpine A390: o desportivo elétrico que quer dar luta à gasolina com curvas e ADN francês!
Portanto, a Alpine está de volta aos holofotes com um modelo que promete virar cabeças, o novo A390. Um fastback desportivo 100% elétrico, com tração integral e três motores elétricos. Sim, leste bem. Três motores!
Tudo isto embrulhado num design que é fora da caixa, e como tal, respira ADN Alpine, e como é óbvio traz uma condução que promete herdar a alma do lendário A110.
Curioso, porque ainda assim, promete levar 5 pessoas, bem como 532 litros de bagagem.
Ou seja, um carro elétrico que tenta mostrar uma alma desportiva, apesar de andar bem vestidinho de fato.
Três motores, tração total e 470 cv!
A Alpine não quis saber de meias-medidas. O que faz todo o sentido. Alpine tem nome, mas este anda esquecido nos livros de história. Além disso, também tem rivais de peso.
Precisa de puxar os holofotes para cima de si.
Por isso, em vez de um ou dois motores, decidiu equipar o A390 com três: um à frente e dois atrás.
Uma configuração que permite algo raro num carro desta classe, vectorização ativa de binário (Torque Vectoring) em tempo real, garantindo não só uma tração exemplar, como uma agilidade surpreendente. Isto mesmo com os mais de 2.100 kg que este elétrico carrega.
Entretanto, existem duas versões (GT e GTS). Na versão GTS, o A390 debita uns generosos 470 cv e 808 Nm de binário, o que se traduz em 3.9 segundos dos 0 aos 100 km/h. A versão GT, menos selvagem, entrega 400 cv e cumpre os mesmos 0-100 km/h em 4.8 segundos.
Algo curioso, porque a motorização é exatamente a mesma, bem como a bateria que serve de base a ambos os automóveis.
Isto significa que dá para acrescentar os 70 cavalos a mais no modelo GT mais tarde? Infelizmente não. A decisão é feita no momento da compra. Diferença de preço entre versões? Deverá andar à volta dos 5 mil euros.
Preços em Portugal?
A Alpine ainda não anunciou nada oficial, mas é esperado que o A390 chegue ao nosso mercado entre os 65 e 76 mil euros.
Botão de ultrapassagem presente!
Além do já referido Torque Vectoring, o A390 vem com função Overtake (botão vermelho no volante para aquele boost extra), modos de condução personalizáveis e até um modo One Pedal com cinco níveis de regeneração.
- Nota: O botão já existe no A290, mas aqui… Vai ser um pouquinho mais agressivo.
Como deve imaginar, há também um launch control para arrancadas mais agressivas, e sons artificiais de condução que, segundo a Alpine, não tentam imitar motores a combustão, mas sim criar uma nova identidade sonora.
Design? Alpine puro!
O A390 apresenta-se com uma silhueta desportiva e detalhes que misturam nostalgia com futuro. Isto significa assinatura luminosa em triângulo, faróis Cosmic Dust, jantes de 20 ou 21 polegadas inspiradas na competição, tejadilho escuro e acabamentos de luxo.
É, sem dúvida, um Alpine. Porém, um Alpine moderno, com fibra ótica, OLED e toques subtis de hiperdesportivo.
Interior premium!
A Alpine sabe que tem de rivalizar com os tradicionais pesos pesados vindos da Alemanha. Por isso, o habitáculo não foi esquecido. Tudo no A390 parece pensado para envolver o condutor: bancos desportivos aquecidos (ou baquets Sabelt em Nappa, na versão GTS), volante com comandos inspirados na Fórmula 1, painel digital personalizável e sistema multimédia com Google integrado.
Ah, e ainda há o Alpine Telemetrics para acompanhar a performance ao pormenor. Onde podemos encontrar dados de pista, desafios e até coaching para quem quer melhorar a condução. É quase como se estivesse num simulador a preparar-se para um grande prémio.
Bateria francesa, boa autonomia e carregamento rápido!
A bateria de 89 kWh, desenvolvida em parceria com a Verkor, promete até 555 km de autonomia no ciclo WLTP (ou 520 km na versão GTS com pneus mais largos). Suporta carregamento rápido até 190 kW, o que por sua vez significa 15% a 80% em cerca de 25 minutos.
Mas… São baterias produzidas em França! Aliás, os motores também são, bem como o carro em si.
Conclusão: um Alpine elétrico… Com muita alma!
O Alpine A390 é um daqueles raros elétricos que não tentam apenas competir com Tesla ou BYD. Querem oferecer outra coisa.
O que é essa coisa? Eu diria que é alma. Que é vontade de oferecer algo que ainda não existe. É exatamente por isso que a Renault escolheu ressuscitar a Alpine, e ainda bem que assim foi.
Vai ser caro? Muito. Vai ser exclusivo? Provavelmente. Mas se tiver qualidade, é muito bem vindo.
