Hoje é impensável entrar num carro sem airbags. Mas já imaginou que, durante anos, ninguém os queria? Houve até quem achasse perigoso ter um desses “sacos explosivos” dentro do automóvel. E no entanto, só entre 1987 e 2017, mais de 50 mil vidas foram salvas graças aos airbags. Mas a verdade é que a história dos airbags é muito mais antiga e muito mais polémica do que pensa. Vamos olhar então para a história dos Airbags, um sistema que salvou milhares.
Airbags: o sistema que salvou milhares… mas que ninguém queria
A primeira ideia surgiu nos anos 50… com ar comprimido
Muito antes de os airbags se tornarem obrigatórios nos carros novos, já havia quem tentasse desenvolver sistemas parecidos. Em 1951, Walter Linderer e John Hetrick tiveram ideias semelhantes, quase ao mesmo tempo. Linderer imaginou um sistema de ar comprimido ativado pelo condutor ou por contacto com o para-choques. Hetrick, ex-militar da marinha dos EUA, chamou-lhe “almofada de segurança para veículos automóveis”.
Ainda assim, foi só em 1968 que Allen Breed inventou aquilo que viria a mudar tudo: um sistema capaz de detetar o impacto e acionar o airbag automaticamente. Estava dado o passo decisivo para convencer os fabricantes.
O primeiro carro com airbags? Um Oldsmobile de 1973
O pioneiro foi o Oldsmobile Toronado de 1973, que saiu de fábrica já com airbags. Foi um momento importante na história da marca, que já tinha inovado antes com o modelo de 1966.
Mas, mesmo com esta estreia promissora, os airbags demoraram décadas a conquistar o público.
Quando a segurança não vendia
Nos anos 70, a maioria das pessoas nem usava cinto de segurança. Em 1979, apenas 11% dos condutores norte-americanos o faziam regularmente. Como esperar que alguém quisesse um sistema mais avançado como o airbag, quando nem o básico era levado a sério?
Além disso, os primeiros airbags podiam ser perigosos. Ainda não havia sensores para ajustar a força do disparo conforme a gravidade do acidente, o que levava a lesões — sobretudo em crianças. Entre 1990 e 2008, 90% das 290 mortes provocadas por airbags frontais nos EUA ocorreram em menores de idade, segundo o IIHS.
Os fabricantes tentaram introduzi-los como opção em modelos Buick e Cadillac. Mas o fracasso foi total: de 4,7 milhões de carros vendidos num período de três anos, apenas 10 mil tinham airbags.
De ameaça a herói da estrada
Apesar do arranque difícil, a tecnologia evoluiu. Vieram os airbags laterais, de cortina, de joelhos e até para os cintos. Os sensores tornaram-se mais inteligentes e capazes de adaptar a força de inflação ao impacto. O resultado? Os airbags passaram a ser vistos como aliados cruciais em caso de acidente.
E se hoje salva vidas de forma silenciosa, a verdade é que este herói da estrada teve de enfrentar o ceticismo de condutores, a resistência da indústria e até o medo generalizado. Felizmente, venceu.