Se achavas que os preços das placas gráficas foram uma completa parvoíce durante a crise do mining de criptomoedas, bem… Ainda não vista nada. O mercado da memória RAM entrou oficialmente em modo “loucura”, empurrado pela fome interminável dos centros de dados dedicados à inteligência artificial.
Há kits de RAM a custar mais do que carros de luxo. E nem sequer estou a exagerar.
4 TB de RAM ao preço de um carro desportivo?

Uma empresa norte-americana (Nemix) está a vender um kit de 4 TB de DDR5 por cerca de 77.000 dólares. Estamos a falar de 16 módulos de 256 GB, memória ECC RDIMM, pensada para servidores de alto desempenho, a correr a 6400 MT/s. Por isso sim, é RAM de alto nível, pensada para workloads a sério.
Mas… Não deixa de ser um absurdo, visto que este valor é superior ao preço de entrada de um Porsche 718 Cayman e anda lado a lado com SUVs de luxo como o Range Rover Evoque ou até um Defender bem equipado.
E não, isto não é um caso isolado.
A escalada é real e rápida!

Na Amazon, estes mesmos módulos aparecem em várias configurações. Um kit de 2 TB custa perto de 39.000 dólares. Outro, também de 2 TB mas com módulos diferentes, chega aos 45.000. Mesmo versões que há poucas semanas custavam menos dispararam cerca de 20% em menos de um mês.
DDR5 sofre. DDR4 ainda respira
A crise está concentrada quase exclusivamente na memória mais recente. Ou seja, na RAM DDR5. A DDR4, pelo menos para já, continua relativamente acessível dentro do seu próprio contexto.
O problema é, a memória DDR4 já não tem a produção que teve em tempos. Por isso, se começar a existir uma corrida ao stock, o resultado vai ser o mesmo. E de facto, já há fabricantes a apostar em plataformas mais antigas para dar uso a esta RAM.
O impacto já chegou aos consumidores, e vai piorar… Muito.
Mesmo que estes kits não tenham nada a ver com PCs domésticos, o problema acaba sempre por escorrer para baixo. Quando os grandes clientes absorvem a produção, sobra menos para OEMs, integradores e, claro, consumidores finais.
Segundo previsões recentes, se esta situação continuar, os preços de PCs e smartphones podem subir cerca de 8% já no próximo ano. Mas, a memória deverá aumentar mais 50% ao longo de 2026. Por isso, os 8% são apenas a ponta do iceberg.

