Fazer pesquisas na Internet mudou, e não foi pouco. Hoje em dia, até já há quem prefire usar o ChatGPT, Gemini, ou um qualquer outro chatbot IA. Mas, mesmo quem continua a usar a Google, à antiga, a realidade é que a experiência mudou completamente.
Eu ainda sou do tempo em que, para fazer uma pesquisa, tinha de andar de site em site, para encontrar o melhor resultado possível. Aliás, quem nunca andou de página em página do Google, já no desespero, quando nada de interessante aparece na primeira ou segunda página do motor de busca?
A realidade é, apesar do facto de a Google ainda depender de quem cria conteúdo para oferecer respostas no seu motor de pesquisa, esta já não envia o tráfego que enviava em outros tempos.
Isso é mau para todos. Até para a Google.
A forma como pesquisas a Internet mudou. Mas a Google diz que não
É exatamente por isso que, a Penske Media, dona de títulos como a Rolling Stone, Billboard e Variety, entrou em guerra com a Google por causa das AI Overviews.
Isto porque a empresa alega que esta funcionalidade ameaça diretamente o tráfego e as receitas de publicidade dos publishers, e de facto, tem toda a razão.
O problema das AI Overviews
Para os utilizadores, a coisa parece perfeita!
Escreves uma pergunta no Google e recebes logo a resposta, sem teres de abrir dezenas de sites. Mas, o problema é precisamente esse. Se ninguém clica, os publishers deixam de ter tráfego, e sem tráfego não há publicidade.
Sem tráfego e sem rendimento, estes sites acabam por reduzir equipas, e alguns até acabam por fechar. Aliás, em 2025, temos visto vários projetos a encerrar, porque… Já não faz sentido continuar.
A defesa da Google?
Do lado da Google, a versão é diferente.
A empresa insiste que continua a enviar milhões de cliques todos os dias e que as AI Overviews, na realidade, até ajudam a diversificar os sites para onde os utilizadores são direcionados.
Mas, se formos ver as coisas com olhos de ver, até a própria Google perde com isto. Afinal, o negócio da Google não é oferecer o motor de pesquisa, serviços, ou hardware como o smartphone Pixel. É vender anúncios! Se as pessoas não entram nos sítes, elas acabam por não ver anúncios.
Os sites não recebem, e a Google também não. (A Google anda a compensar isto ao ficar com uma maior fatia de cada anúncios que é realmente mostrado).
O futuro dos media digitais… Está negro!
A questão é simples: se os motores de busca responderem diretamente às perguntas com base em IA, qual é o incentivo para visitar os sites de origem? O modelo atual de publicidade digital pode colapsar.
Se isso acontecer, vamos ver muitos sites a fechar, e a qualidade das próprias respostas IA vai cair.
O dilema é global e não se resolve facilmente. Os utilizadores querem rapidez e simplicidade. Os publishers precisam de cliques para sobreviver. E agora?