Sabes quanto tempo de vida (real) ainda tem o teu portátil?

Antigamente, a resposta a esta pergunta era simples: trocávamos de portátil a cada dois ou três anos porque o hardware evoluía tão depressa que a máquina ficava arrastada num instante. Hoje, a realidade é diferente. Até um portátil de entrada de gama atual tem potência suficiente para aguentar tarefas do dia a dia indefinidamente. Por isso, o fator limitante já não é a performance, mas sim a resistência física. A questão não é quando é que ele vai ficar lento?, mas sim quando é que ele vai partir?. Se queres saber quanto tempo de vida resta ao teu portátil aqui está o que precisas de analisar. Não é a idade, é a quilometragem.

Quanto tempo de vida (real) ainda tem o teu portátil?

Geralmente evito comparar computadores a carros, mas aqui a analogia é perfeita. Um carro novo com muitos quilómetros pode estar em pior estado do que um carro antigo de garagem. Com os portáteis é igual. Um computador de gaming que passa 10 horas por dia a suar em jogos pesados vai desgastar-se muito mais depressa do que um portátil de escritório usado apenas para emails duas horas por dia. O calor e o uso constante das peças móveis são os verdadeiros inimigos.

Os suspeitos do costume: O que avaria primeiro?

Embora qualquer peça possa falhar, há componentes com data de validade mais curta:

1. A Bateria (O elo mais fraco)

É quase sempre a primeira coisa a morrer. As baterias de iões de lítio têm um número limitado de ciclos de carga.

O problema atual: Antigamente, bastava clicar num botão, tirar a bateria velha e pôr uma nova. Hoje, a maioria das baterias está selada dentro do chassis. Trocar a bateria pode exigir cirurgia e, em alguns portáteis ultra-finos, o custo da mão de obra e da peça pode não compensar.

2. Teclados e Dobradiças

Entretanto seguem-se as partes mecânicas.

Teclados: Se uma tecla falhar num portátil moderno, muitas vezes é preciso substituir todo o top case (a parte superior da carcaça), o que é dispendioso.

Dobradiças: É o pesadelo de qualquer utilizador. O abrir e fechar constante desgasta o metal e o plástico. Reparar uma dobradiça partida é delicado, pois envolve cabos de ecrã sensíveis.

3. O Sistema de Refrigeração

As ventoinhas têm rolamentos que se desgastam e a pasta térmica (que ajuda a transferir o calor do processador) seca com o tempo. Se o sistema de refrigeração falhar, o portátil sobreaquece, o que pode fritar outros componentes vitais ou, no mínimo, tornar o PC muito lento.

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SSDs e Eletrónica: O relógio tic-tac

Ao contrário dos antigos discos mecânicos (que eram frágeis e lentos), os SSDs modernos são muito resistentes. É provável que o teu SSD dure mais tempo que o próprio portátil. No entanto, o calor excessivo pode encurtar a vida destes discos.

O maior perigo para a eletrónica (placa-mãe) é o chamado ciclo térmico. O aquecer e arrefecer constante dos componentes faz com que os materiais expandam e contraiam, o que, ao longo de anos, pode quebrar as soldaduras microscópicas dos chips.

Como fazer o teu portátil durar mais (e quando desistir)

Se queres que a tua máquina dure 5 anos ou mais, segue estas regras:

Mantém-no fresco: O calor é o assassino silencioso. Limpa o pó das saídas de ar regularmente. Se notares que ele está muito quente, pode ser altura de trocar a pasta térmica.

Cuida da bateria: Se usas o portátil sempre ligado à corrente, ativa a função de limite de carga (disponível na maioria das marcas como Asus, Lenovo ou HP) para que a bateria pare de carregar nos 60% ou 80%. Isso prolonga imenso a vida útil da célula.

A Regra dos 50%: Quando algo avariar, faz as contas. Se a reparação custar mais de metade do preço de um portátil novo equivalente, provavelmente não compensa o arranjo.

Expectativa Realista: Um bom portátil moderno, bem estimado, deve durar pelo menos 5 anos. Com sorte e manutenção, chegar aos 7 ou 8 anos é perfeitamente possível.

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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