Lombas na estrada: salvam vidas ou só dão cabo da tua suspensão?

É o pesadelo de qualquer condutor português. Vais descansado na estrada e, de repente, BAM!, o carro dá um salto porque passaste numa lomba que parecia invisível ou que é demasiado alta. Todos sabemos que elas estragam os carros, mas a questão científica é: será que funcionam mesmo para reduzir a velocidade? Seja em Lisboa, no Porto ou numa estrada nacional, as autarquias adoram espalhar lombas na estrada (redutores de velocidade) para acalmar o trânsito. Mas há décadas que o debate existe: será que estas lombas na estrada são a melhor solução, ou apenas uma forma preguiçosa de gerir o tráfego? Estudos recentes analisaram o impacto real destes obstáculos e os resultados podem surpreender-te.

Nem todas as lombas na estrada são iguais

Antes de culpares a Câmara Municipal, é preciso distinguir o que está no chão. Em Portugal, temos essencialmente três tipos, e os dados mostram que funcionam de forma muito diferente:

A Lomba Clássica (Speed Hump): Curta, redonda e agressiva (muitas vezes de borracha preta e amarela). É a que faz o carro saltar mais.

A “Almofada” (Speed Cushion): Aqueles quadrados no meio da faixa.

O truque tuga: Muitos condutores tentam passar com as rodas “ao lado” ou pelo meio para não sentir o impacto (o que, ironicamente, pode ser perigoso).

A Passadeira Elevada (Speed Table): É uma plataforma longa e plana com rampas nas pontas. São as mais suaves e comuns agora nas cidades.

O Veredicto: Elas funcionam? (Sim, mas…)

Uma meta-análise recente, publicada na Transportation Research, analisou 52 estudos globais sobre o tema. A conclusão é clara: Sim, as lombas reduzem a velocidade, mas têm efeitos colaterais.

Travam os “Aceleras”: O dado mais importante é que as lombas são extremamente eficazes a reduzir a velocidade dos condutores mais rápidos (aqueles que conduzem muito acima do limite).

A Média mantém-se: Curiosamente, um dos estudos mostrou que, embora os “loucos da velocidade” abrandem, a velocidade média geral do trânsito reduz pouco (apenas cerca de 1,6 km/h em alguns casos). Ou seja, quem já cumpria a lei continua igual, quem não cumpria é forçado a travar.

O problema da inclinação

O estudo prova o óbvio: quanto mais alta e íngreme for a lomba, mais o condutor trava. Mas há um limite. Se a rampa for demasiado agressiva (como muitas daquelas de borracha aparafusadas ao chão), cria uma condução “imprevisível” e perigosa, onde os condutores travam a fundo em cima do obstáculo, aumentando o risco de colisões traseiras.

Black and yellow bright speed bumps on the road slow

Quem sofre mais? (Spoiler: Não são as motas)

Aqui é onde a eficácia da lomba falha, dependendo do veículo que conduzes:

Autocarros e Camiões: São as maiores vítimas. Os passageiros dos autocarros sofrem abanões violentos, mesmo a baixa velocidade.

Motas: São as menos afetadas. A maioria dos motociclistas consegue contornar as “almofadas” ou passar nas laterais das lombas sem reduzir significativamente a velocidade.

Carros de Emergência: Este é o ponto crítico. As lombas atrasam ligeiramente o tempo de resposta de ambulâncias e bombeiros, o que, numa situação de vida ou morte, conta.

O Lado Negro: Ruído e Poluição

Se moras ao pé de uma lomba, sabes disto. O estudo confirma que em estradas com muito tráfego pesado, as lombas aumentam o ruído. O som constante de travagem (chiar) seguido de aceleração (vrum) para recuperar a velocidade cria uma poluição sonora muito superior à de uma estrada plana onde os carros mantêm uma velocidade constante.

Apesar de serem odiadas pelos mecânicos (a tua suspensão, amortecedores e direção sofrem imenso) e pelos condutores, os dados são teimosos: as lombas evitam atropelamentos.

Catarina Couto
Catarina Couto
Apaixonada por tecnologia desde que usou o primeiro Nokia com ecrã monocromático, começou a escrever sobre gadgets ainda nos tempos da faculdade. Cresceu entre fóruns, blogs e lançamentos de telemóveis e nunca mais largou o mundo digital. Adora testar novos dispositivos, descobrir truques escondidos nos smartphones e simplificar a tecnologia para quem a usa no dia a dia.

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