A Netflix está a “emburrecer” as séries e a culpa é nossa!

Se formos honestos, quase ninguém hoje em dia vê televisão como via há 15 ou 20 anos. Existem demasiadas distrações, e se não tiveres controlo, a realidade é que a série está a dar, mas o telemóvel também está na tua mão. Instagram, WhatsApp, X, TikTok… tudo a competir pelo teu tempo e a tua atenção.

É exatemente por isso que a Netflix está a adaptar os seus conteúdos a essa realidade. Para quem ainda gosta de ver TV a sério, é uma coisa que se nota cada vez mais, e é extremamente irritante.

A Netflix está a “emburrecer” as séries e a culpa é nossa!

Portanto, estás a ver Stranger Things, e achas que as coisas estão muito lentas, que estão sempre a explicar tudo e mais alguma coisa, por mais óbvia que essa coisa seja.

Pois, a Netflix está a adaptar muito do seu conteúdo, para quem está a ver, mas está um pouco a meio gás.

De facto, a ideia não é nova, mas voltou a ganhar força depois de vários relatos de guionistas que dizem ter recebido notas a pedir diálogos mais explicativos, para que quem esteja a “ver” a série em segundo plano não se perca. Ou seja, personagens a dizer em voz alta exatamente o que estão a fazer, para garantir que ninguém larga o episódio só porque desviou os olhos para o ecrã do telemóvel.

Séries feitas para estar em segundo plano.

O conceito chama-se “casual viewing”.

Conteúdo pensado para estar ligado, não necessariamente para ser seguido com atenção total. A Netflix conhece bem este tipo de consumo e, segundo alguns relatos, até o promove internamente.

A lógica é simples. Se a série exigir demasiada atenção, o utilizador pode desligar. E isso pode significar menos dinheiro ao fim do mês. Por sua vez, se for fácil de seguir, mesmo com distrações constantes, fica ligada mais tempo. Para a plataforma, isso conta como sucesso.

O problema é quando essa lógica começa a contaminar o próprio guião.

Há exemplos recentes de diálogos que parecem quase caricatos, em que personagens explicam o óbvio, descrevem emoções em excesso ou antecipam acontecimentos que deveriam ser percebidos visualmente. Tudo para garantir que ninguém se perde… mesmo sem estar a olhar para a televisão.

O espectador tem responsabilidade

As plataformas de streaming servem para fazer dinheiro. Se a forma de agarrar o espetador é esta, por muito feia que seja, é o caminho a seguir.

Ou seja, nem tudo é culpa da plataforma. Os hábitos mudaram. A atenção fragmentou-se. E muitos espectadores também aceitaram ver histórias importantes com metade do foco.

Dito tudo isto, a questão não devia ser como tornar as séries mais fáceis de ignorar, mas sim como voltar a torná-las interessantes o suficiente para largarmos o telemóvel.

Porque boas histórias sempre existiram. E continuam a existir.

Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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