A bomba caiu no início de dezembro. Ou seja, a Netflix anunciou a intenção de comprar a Warner Bros. por uns simpáticos 82.7 mil milhões de dólares. Um negócio gigante, daqueles que abana toda a indústria do entretenimento.
Mas, isto levanta logo uma pergunta deveras interessante. Vai ficar tudo dentro da Netflix? Uma só app, uma só subscrição, provavelmente mais cara?
A resposta: não… Porque assim dá mais dinheiro!
De forma muito resumida, para já, nada muda. A Netflix continua Netflix. A HBO Max continua HBO Max. Apps separadas, subscrições separadas, catálogos separados.
No fundo, é a mesma jogada que se fez no futebol em Portugal com os direitos de transmissão de jogos. A BTV e SportTV só existem porque é assim possível ir buscar mais euros aos bolsos dos fãs da bola. Se fosse só a SportTV, mesmo que a subscrição fosse mais cara, talvez não fosse possível ir buscar a mesma quantia.
Em suma, quem só quer Netflix continua a pagar Netflix. Quem só quer HBO Max continua a pagar HBO Max. Não há fusão imediata, nem uma mega-app única no curto prazo.
Mas atenção. Isto não significa que as coisas vão ficar assim para sempre.
Já vimos este filme antes… e não acabou bem para as apps
Quem acompanha o mundo do streaming já sabe como estas histórias costumam acabar.
A Disney+ e a Hulu coexistiram durante algum tempo, com conteúdos cruzados, promessas de independência e muita conversa. Hoje, o destino do Hulu está traçado e a integração total no Disney+ está marcada para 2026.
O mesmo aconteceu com a Paramount+, que acabou por absorver o catálogo da Showtime nos planos premium.
Ou seja, manter serviços separados costuma ser uma fase intermédia. Uma fase de transição.
Porque é que nada muda já amanhã?
Há várias razões. A principal é simples. O negócio ainda nem está fechado.
Faltam autorizações regulatórias, análises antitrust, decisões políticas e até concorrência direta. A tentativa recente da Skydance de bloquear a compra da Warner mostra bem que isto ainda vai dar pano para mangas.
Além disso, estas integrações são sempre delicadas. Sistemas técnicos diferentes, contratos de licenciamento, acordos com produtores, marcas fortes que não se querem diluir de um dia para o outro.
Tudo isso leva tempo. Muito tempo.
Mas os sinais já estão lá
Mesmo antes deste anúncio, já havia séries da HBO a aparecer no catálogo da Netflix. Ballers, Six Feet Under e True Blood são alguns exemplos.
E a própria Netflix, quando anunciou o negócio, falou em “ainda mais conteúdos de alta qualidade” para os seus subscritores. Tradução? Mais coisas da HBO vão acabar por cair na Netflix.
Se isso será apenas uma partilha de catálogo ou o primeiro passo para matar a app HBO Max… ainda ninguém diz em voz alta.
O cenário mais provável? Fica tudo no lado da Netflix, que é hoje em dia o nome mais “pesado”. Mas só mais tarde.
