Segundo a Motorway, o mercado automóvel de 2026 vai ser marcado por designs nostálgicos, personalização inspirada nas redes sociais e, claro, muita mais tecnologia. Embora olhar para o passado para inspirar o futuro seja bem-vindo, algumas tendências estão a formar-se e, sinceramente, começam a ser preocupantes. Com a economia atual ainda a recuperar de problemas na cadeia de abastecimento e tarifas a custarem biliões aos fabricantes, a indústria está a ser forçada a repensar a sua filosofia. E o resultado? Bem, muitas vezes é uma dependência excessiva de “modas”. Mas o que vai mudar nos carros de 2026?
5 tendências para os carros de 2026 que já nos estão a assustar
As modas são, por definição, temporárias. E embora influenciem as decisões de hoje, nem sempre trazem benefícios a longo prazo. Quem segue o mundo automóvel há 20 anos sabe que o progresso às vezes traz o que esperávamos há décadas, mas outras vezes… leva a indústria na direção errada.
Aqui estão cinco tendências nos carros de 2026 que já nos estão a deixar de pé atrás.
1. A “invasão” total dos ecrãs no tablier
Os ecrãs gigantes de infoentretenimento são tema de conversa há anos. Mas em 2026, parece que estamos a atingir o pico desta loucura, com muitos carros novos a apresentarem ecrãs que ocupam o tablier de uma ponta à outra.

Olha para o Mercedes GLC, o best-seller da marca. Para o novo modelo de 2026, a Mercedes decidiu incorporar um ecrã de 39,1 polegadas, o maior alguma vez colocado num Mercedes. E não fica por aqui. A nova filosofia de design “Neue Klasse” da BMW, que vai ditar as regras para todos os futuros modelos, também aposta tudo nos ecrãs. O primeiro BMW desta linha, o iX3 de 2026, apresenta um total combinado de mais de 60 polegadas de ecrãs. É mais do que aquilo que muita gente tem na sala de estar!
2. Interiores “fotocopiados” em segmentos diferentes
Quando compras um carro de um segmento superior, esperas naturalmente que o interior seja diferente (e melhor) do que um modelo de entrada de gama. Mas parece que em 2026 isso deixou de ser prioridade.

O novo Audi A5 e o iminente Audi A6 têm preços bastante distintos (o A6 custa significativamente mais), mas se esperas que essa diferença de preço se traduza num interior exclusivo, esquece. Eles são praticamente iguais por dentro. Pior ainda é o caso da Mercedes: o C 300 (gama de entrada) e o topo de gama S 550 partilham layouts de ecrã e tablier quase idênticos. Lembra-te que podes comprar mais de dois Classe C pelo preço de um único S 550!
3. O fim dos mostradores físicos (até no Porsche 911!)
Os painéis de instrumentos físicos praticamente desapareceram e, em 2026, até os favoritos dos puristas estão a ceder. O Porsche 911, que conseguiu manter o mostrador analógico até agora, vai perdê-lo no novo modelo 992.2 de 2025/2026. Após quase sete décadas de tradição, o ponteiro físico acabou.
E não é só nos desportivos. O novo Honda CR-V e o Toyota Corolla de 2026 também abandonaram totalmente os mostradores analógicos. Embora alguns ecrãs digitais sejam incríveis, erradicar completamente os ponteiros físicos elimina a tatilidade e, em alguns casos, a visibilidade rápida.

Estudos de ergonomia indicam que os mostradores de ponteiro analógico são mais eficientes e exigem menos esforço visual do condutor, reduzindo o tempo de desvio do olhar em até 280 milissegundos. Pode parecer pouco, mas na estrada faz diferença.
4. O adeus ao Apple CarPlay?
Recentemente, a CEO da GM, Mary Barra, confirmou que a empresa vai abandonar o Apple CarPlay em favor de um sistema nativo Android. Assim a ideia é completar esta transição até 2028. O motivo? Provavelmente os dados. As marcas querem reter os clientes no seu próprio software e ecossistema.
A BMW também já disse que não vai suportar o “CarPlay Ultra”, e outras marcas como a Volvo e a Polestar também têm apostado forte no Android Automotive (embora a implementação do CarPlay varie). Se esta moda da GM pega, 2026 pode ser o ano em que o nosso iPhone começa a ser “expulso” do tablier. Considerando que a GM foi pioneira nos ecrãs táteis em 2013 e isso virou padrão, é um sinal de alerta.
5. Parafusos que só a marca consegue apertar
Esta é talvez a mais assustadora para quem gosta de poupar na oficina. A 11 de dezembro de 2025, foi publicada uma patente da BMW (DE102024115950) que descreve um fixador que requer uma chave proprietária específica da marca para ser apertado ou desapertado.
Entretanto isto significa que mecânicos independentes, e tu, na tua garagem, podem ficar impossibilitados de mexer em certos sistemas do carro sem esta ferramenta especial. É mais um capítulo na batalha do “Direito à Reparação”. Junta a isto as subscrições pagas para desbloquear funcionalidades que o carro já tem (algo que os legisladores ainda não conseguiram travar totalmente), e o futuro da posse automóvel parece cada vez menos… nosso.

