Isto ainda não é comum por cá, até porque não é de todo muito ético. Mas, em outras regiões, começam a existir plataformas capazes de adaptar o preço para o tipo de consumidor que está a visitar a página.
Ou seja, há plataformas que te conhecem melhor que a tua mãe, especialmente quando chega a altura de gastar dinheiro. Por isso, começam a aparecer sistemas capazes de aumentar ou baixar preços consoante o teu perfil. Tens dinheiro? Então vais pagar mais.
Mas… Isso é mesmo muito feio.
Preços diferentes para pessoas diferentes? Não está a correr bem!

Um bom exemplo deste tipo de sistema está na Instacart, onde alguns utilizadores andaram a pagar mais pelas mesmas compras… Sem saber. Isto não foi um erro, não foi uma promoção mal explicada. Aconteceu porque a empresa andava a testar preços ajustados por inteligência artificial.
Agora, depois de uma investigação da Consumer Reports, a experiência acabou.
IA a mexer nos preços dos supermercados? Era isso mesmo
A investigação revelou algo simples e preocupante. Para o mesmo produto, na mesma loja, ao mesmo tempo, havia pessoas a pagar até mais 23% do que outras.
Aqui não estamos a falar de diferenças entre lojas, como acontece no mundo real. Onde pode valer a pena ir a um ou outro consoante as promoções em vigor. Estamos a falar de preços diferentes dentro da mesma app, para o mesmo supermercado, consoante o utilizador.
Inicialmente, a Instacart tentou minimizar a situação. Mas a pressão aumentou. Consumidores, reguladores e até políticos começaram a fazer perguntas incómodas.
Resultado? Recuar!
A Instacart admite que falhou
Num comunicado oficial, a empresa reconheceu que estes testes “falharam o alvo”.
Assumiu que, numa altura em que as famílias tentam esticar cada euro gasto em alimentação, criar dúvidas sobre os preços não é aceitável. Especialmente para uma plataforma que vive de confiança e transparência.
A decisão foi imediata. Todos os testes de preços com IA foram cancelados. Além disso, os parceiros deixaram de ter acesso à tecnologia usada para estas variações.
Ou seja, a partir de agora, e como é correto, duas pessoas a comprar os mesmos produtos, na mesma loja, ao mesmo tempo, vão ver exatamente os mesmos preços. Sem exceções.
O que a investigação descobriu, na prática
Foram encontrados até cinco preços diferentes para o mesmo produto. Diferenças pequenas à primeira vista, cêntimos aqui, dois euros ali. Mas quando se somava tudo no carrinho, o impacto era grande.
Num exemplo concreto, um cabaz de supermercado variou cerca de 10 dólares entre utilizadores. Ao longo de um ano, isso podia significar mais de 1.000 dólares gastos a mais em alimentação para uma família.
Ainda pior, a investigação descobriu algo mais subtil. A Instacart mostrava “preços originais” diferentes antes do desconto. O preço final era o mesmo, mas a sensação de poupança mudava. Uma técnica clássica para influenciar decisões de compra.
Conclusão
A inteligência artificial pode ser útil em muita coisa. Mas mexer nos preços dos bens essenciais, de forma opaca, é uma linha vermelha para muita gente. É brincar…

