Exynos 2600 pode complicar a vida à bateria do Galaxy S26

A Samsung apresentou o Exynos 2600 como um marco histórico. Primeiro chip móvel do mundo produzido em 2nm, com promessas fortes em desempenho e inteligência artificial, e um sinal claro de que a marca quer voltar a levar os seus próprios processadores para o topo.

Só que, como quase sempre acontece quando se fala de Exynos, há um detalhe técnico que merece atenção. Até porque pode acabar por ter impacto direto na autonomia dos futuros Galaxy S26.

Um Exynos diferente do habitual

exynos, s22

Durante anos, a Samsung defendeu a ideia clássica de SoC. Tudo no mesmo chip. Processador, gráfica e modem integrados numa única peça de silício. Menos latência, menos consumo, menos calor.

Com o Exynos 2600, isso mudou.

Pela primeira vez, a Samsung decidiu retirar o modem 5G do chip principal e usar uma solução externa, o Shannon 5410. À primeira vista parece um detalhe técnico.

Mas, na prática, é uma decisão que pode ter consequências reais no dia a dia.

Porque é que um modem externo levanta dúvidas?

Quando o modem não está integrado no próprio SoC, os dados têm de circular entre dois chips diferentes. Isso significa mais comunicação interna, mais energia gasta e mais complexidade no sistema.

Num smartphone moderno, constantemente ligado a redes móveis, este tipo de escolha pode fazer a diferença entre um dia confortável de utilização ou aquela necessidade chata de carregar a meio da tarde.

A razão por trás da decisão?

A explicação parece estar no espaço disponível.

Os chips modernos estão cada vez mais densos. Mais núcleos, mais GPU, mais aceleração de IA. Ao mover o modem para fora, a Samsung libertou área no die de 2nm para reforçar aquilo que hoje vende mais.

E. de facto, os números são impressionantes.

O Exynos 2600 promete cerca de 39% mais desempenho no CPU e mais de 100% no motor de IA face à geração anterior. Para ajudar nas temperaturas, a Samsung adicionou até um novo sistema de dissipação em cobre, o chamado Heat Path Block.

Em teoria, tudo isto soa muito bem.

O problema é a eficiência real

O grande ponto de interrogação está fora dos benchmarks.

Mesmo com o processo de 2nm e melhorias térmicas, o modem externo pode anular parte dos ganhos energéticos. Especialmente em cenários de uso intenso de dados móveis, que são absolutamente normais em 2026.

Ou seja, o Galaxy S26 pode ser mais rápido, mais frio e mais inteligente. Mas não necessariamente melhor em autonomia. E isso é exatamente o tipo de compromisso que os utilizadores já conhecem bem da história da Exynos.

“Mas a Apple também usa modem externo”

É verdade que a Apple usa modems externos há anos no iPhone. E, regra geral, consegue manter uma boa autonomia, sobretudo nos modelos Pro.

Mas o contexto é diferente.

O iOS gere processos em segundo plano de forma muito mais agressiva do que o Android. Há menos margem para desperdício energético no ecossistema Android, onde apps e serviços têm outro tipo de comportamento.

Copiar a estratégia não significa copiar o resultado.

Mais uma aposta arriscada da Samsung?

O Exynos 2600 é, sem dúvida, uma jogada ambiciosa. A Samsung quer mostrar que domina o fabrico em 2nm e que consegue competir no topo sem depender totalmente da Qualcomm.

Mas a escolha de um modem externo volta a colocar a eficiência energética em causa. Um tema sensível, sobretudo para uma linha que carrega um historial complicado neste campo.

Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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