A pergunta aparece cada vez mais vezes, e é normal porque ter um pacote de Internet com TV em casa é caro, é mesmo muito caro para a grande maioria dos consumidores. É algo que, num mundo cada vez mais caro em tudo e mais alguma coisa, começa a fazer a diferença.
As pessoas estão cansadas de pagar muito por um serviço de TV fraco, sem cobertura de novos operadores como a DIGI, que por sua vez traz cobertura de todas as outras operadoras low-cost, que só não têm cobertura nacional porque não querem. É feio, é cansativo, e começa a revoltar alguns consumidores.
É por isso que muita gente começa a olhar para a hipótese de ficar só com internet e juntar um serviço de IPTV. Se possível gratuito, muitas vezes apenas e só para ter acesso aos canais básico.
Ou seja, estamos a falar de um serviço 100% legal. E é aqui que a coisa começa a complicar.
IPTV legal, no sentido clássico, praticamente não existe
Convém começar por desfazer um mito.

Em Portugal, não existe um serviço de IPTV “à la Netflix” que substitua integralmente a TV das operadoras, com canais generalistas, cabo, desporto e tudo o resto, de forma independente e legal.
A maioria dos serviços de IPTV baratos que aparecem por aí, com listas enormes de canais, não são legais. Ponto final. Tenham site bonito, apoio por WhatsApp ou promessa de estabilidade, continuam a usar streams sem direitos de retransmissão.
Em Portugal é provável que não dê grandes problemas, mas até isso é um caminho que já tem um fim à vista. É por isso que aparecem, desaparecem, mudam de nome e vivem numa zona cinzenta permanente.
Listas M3U “legais”. O problema é outro
Há projetos como o M3UPT, muitas vezes apontados como solução legal. Tecnicamente, o conceito é simples. Agregam streams públicos, maioritariamente canais em sinal aberto, e organizam tudo numa lista compatível com apps de IPTV.
O problema é que legal não é o mesmo que fiável.

Muitos desses streams não foram feitos para redistribuição massiva. Basta haver mais tráfego ou uma mudança do lado da origem para tudo deixar de funcionar. A RTP, por exemplo, já começou a proteger alguns streams precisamente por causa deste tipo de partilhas.
Funciona? Às vezes. Substitui um serviço de TV? Não.
A única IPTV realmente legal vem… das operadoras
Aqui está a parte que desilude muita gente.
Se queres IPTV legal em Portugal, ela existe quase exclusivamente dentro do ecossistema das próprias operadoras. MEO, NOS, Vodafone ou DIGI.
Apps de TV para Android TV, Apple TV, smartphone, tablet. Tudo legal, tudo estável. Mas quase sempre associado a um contrato, a um pacote, ou pelo menos a um número de telemóvel da casa.
Não é exatamente a liberdade que muita gente procura.
Alternativas que fazem sentido, mas não são substituição direta
Há quem resolva a questão de outra forma. E aqui já entramos em escolhas pessoais.
TDT continua a existir e continua a ser gratuita (é paga na tua conta da luz). Não é glamorosa, mas dá os canais generalistas. Junta-se isso a serviços de streaming como Netflix, Prime Video ou Disney+, e para muita gente chega perfeitamente.
Outros recorrem a apps de TV das operadoras usando credenciais de familiares. Funciona. Mas também não é propriamente o modelo ideal nem algo que se possa recomendar como solução “oficial”.
Então qual é a conclusão?
A ideia de largar a TV tradicional e substituí-la por um serviço IPTV legal, completo e independente, ainda não é realidade em Portugal.
Enquanto isso não mudar, a frustração vai continuar. E com razão. As pessoas não querem ser sempre piratas, mas por vezes são obrigadas a tal.

