Esta capa pode estar a destruir o teu telemóvel sem dares conta

Compramos um smartphone novo e a primeira coisa que fazemos é, quase instintivamente, comprar uma capa e uma película. O objetivo é óbvio: proteger o investimento, evitar vidros partidos e manter o equipamento imaculado para uma futura retoma ou venda. Mas e se te dissesse que a capa que escolheste para proteger o telemóvel pode ser, na verdade, a principal causadora de danos estéticos permanentes? Se usas uma daquelas capas de acrílico duro ou plástico totalmente rígido no teu telemóvel, precisas de ler isto.

O perigo do “Acrílico Rígido”

Nos últimos anos, tornaram-se populares as capas transparentes de acrílico ou policarbonato rígido. São apelativas porque não amarelam tão depressa como as de silicone (TPU) e oferecem uma sensação de robustez. Parecem uma armadura.

Levar o telemóvel com capa está a ficar fora de moda?

No entanto, estas capas têm um defeito fatal: a falta de flexibilidade e absorção interna.

Ao contrário do silicone ou da borracha, o acrílico não cede. Quando colocas o telemóvel lá dentro, ele fica “preso” sob tensão. O problema começa quando a vida real acontece.

O Efeito “Lixa”

É inevitável: o telemóvel vai para o bolso, para a mochila, para cima da mesa do café. Poeiras finas, grãos de areia minúsculos ou cotão acabam sempre por entrar nas frinchas entre a capa e o corpo do telemóvel.

Numa capa de silicone ou com interior aveludado, essas partículas ficam “agarradas” ao material macio, minimizando o atrito. Mas numa capa de acrílico duro, não há para onde a sujidade ir.

O que acontece a seguir é física simples:

  • A poeira fica entalada entre o vidro/metal do telemóvel e o plástico duro da capa.
  • Com o movimento natural do uso diário, a capa exerce pressão sobre esses grãos.
  • Cria-se um efeito de lixa microscópica.

O resultado? Quando tiras a capa meses depois para limpar, encontras a moldura do telemóvel (especialmente se for de alumínio polido ou aço) cheia de “picadas” (pitting) ou micro-riscos que não saem com polimento. O vidro traseiro também pode ficar marcado nas zonas de maior pressão.

A ironia da proteção

É uma situação frustrante. Gastaste dinheiro numa capa para evitar riscos, e foi a própria capa, em conjunto com a sujidade, que os provocou. Muitas vezes, estes danos causados pela fricção contínua são piores esteticamente do que se tivesses usado o telemóvel sem capa, mas com cuidado.

Como evitar que isto aconteça?

Não precisas de deixar de usar capa, mas deves ser mais seletivo na escolha:

Evita o plástico 100% rígido: Foge das capas que são apenas uma peça única de plástico duro que encaixa por “clique”.

Procura o interior em microfibra: As capas oficiais da Apple ou da Samsung (e muitas de marcas premium) têm um forro de veludo ou microfibra no interior. Isto serve para “agarrar” a poeira e impedir que ela risque o chassi.

Aposta em Híbridas: Se gostas do visual transparente do acrílico atrás, certifica-te de que a moldura (onde a capa toca nas laterais do telemóvel) é de silicone ou TPU (poliuretano termoplástico). Esse material mais macio evita o atrito direto.

Limpeza regular: Se tens mesmo de usar uma capa rígida, cria o hábito de a tirar uma vez por semana para limpar o pó acumulado no interior.

Protege o teu telemóvel, mas não deixes que a proteção se vire contra ti. Dá uma vista de olhos na tua capa agora mesmo: se ouvires um “cras-cras” de areia ao tirar, já sabes o que está a acontecer.

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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