Quando me assaltaram o carro em Lisboa, e me levaram uma mala com um portátil e um smartphone, o PSP que foi ao local e me ajudou com toda a situação mencionou que alguns assaltantes usam um tipo de aparelho capaz de detetar a presença de baterias de grande capacidade dentro de um espaço. Ou seja, usam este tipo de aparelho para passar ao lado dos carros, e assim perceber se existe algo de valioso para roubar.
É algo que na altura fez sentido na minha cabeça, porque de facto tinha a mala escondida entre o banco do pendura e o banco traseiro.
Mas… Isto é completa ficção. E não é uma questão de opinião. É mesmo uma questão de física básica.
Baterias não emitem sinais mágicos

Uma bateria, seja de um portátil, smartphone ou até de um carro elétrico, não emite qualquer tipo de sinal detetável quando está parada. Ou seja, não emite rádio, não emite campos magnéticos relevantes, não emite calor suficiente, não emite nada.
Ou seja, uma bateria só “dá sinais de vida” quando está a ser usada, carregada, descarregada ou quando algo corre muito mal, como um curto circuito ou sobreaquecimento. Fora isso, é um objeto passivo. Um tijolo caro, mas ainda assim um tijolo.
Portanto, a ideia de alguém passar ao lado de um carro com um “scanner de baterias” e perceber que lá dentro está um portátil escondido não passa disso mesmo. Uma ideia.
Mas então o que é que os assaltantes usam?
Aqui está a parte menos glamorosa e muito mais realista.
Os assaltantes não usam tecnologia futurista. Usam observação, experiência e padrões de comportamento.
Olham para o interior do carro. Reparam em malas mal escondidas. Notam marcas no banco, cabos, suportes, powerbanks, mochilas. Também escolhem carros valiosos, se possível recentes, estacionados em zonas óbvias, com pouco movimento ou em horários previsíveis.
Em muitos casos, nem precisam de ver nada. Basta o local, a hora e o tipo de carro para arriscar.
E sim, muitas vezes acertam.
É mesmo só isto. Os “detetores” de bateria são um mito.

