Se a tua renda te está a sufocar, respira fundo: o problema não és tu, é o mercado de arrendamento que atingiu níveis de inacessibilidade que só se comparam aos piores da Europa. Um novo estudo bombástico veio confirmar o que todos sentimos na pele: para viver em Lisboa sem “morrer na praia”, o teu salário teria de estar mais perto dos 3.000€ mensais!

A Análise que Destrói a Moral (Indicador Bradshaw)
Lisboa foi catapultada para o topo indesejado do ranking da inacessibilidade habitacional, segundo o Indicador de Sobrecarga de Renda (Bradshaw). Assim este índice cruel cruza o valor médio das rendas com os salários médios locais e o resultado é devastador:
- Portugal no Pódio Negativo: A nossa capital está a competir com Budapeste e Praga no que toca a ser impossível para o cidadão comum.
- A Regra Falsa: As famílias não deveriam gastar mais de 30% do seu rendimento líquido na renda. Em Lisboa, este valor é uma piada: dados recentes apontam que 3 em cada 4 famílias na Área Metropolitana (AML) já gastam acima de 35%, entrando em território de stress financeiro crónico.
O Salário Mínimo de Sobrevivência (Os 3.000€)
O custo mediano de um T2 em Lisboa já ultrapassa facilmente os 1.700€. Mesmo aplicando uma taxa de esforço mais tolerável e considerando um cenário de duas pessoas a dividir a despesa, para manter uma vida decente e não viver mês a mês, a fasquia de rendimentos líquidos individuais aproxima-se perigosamente dos 3.000€.

O Drama de Viver Sozinho (A Oferta é Zero)
Se procuras casa sozinho(a) com o salário médio português, prepara-te para uma missão impossível. A oferta de apartamentos T1 com rendas ajustadas ao salário médio é praticamente inexistente.
Entretanto a Verdade Dura: Fugir da capital já não é solução. Assim cidades satélite como Sintra, Oeiras ou Almada viram as suas rendas disparar, com muitos T2 já a ultrapassar os 1.300€/1.500€. O mercado está a empurrar as pessoas para fora do seu local de trabalho, aumentando os custos de transporte e diminuindo a qualidade de vida.
A questão não é “Quanto ganhas?”, mas sim “Quanto tens de ganhar para sobreviver?”. E a resposta é: demasiado.
