Este é o recuo que ninguém queria admitir, mas toda a gente esperava. Afinal de contas, uma das grandes indústrias Europeia é… A produção automóvel. E, apesar de as coisas estarem a mudar, os elétricos não são ainda o melhor produto das fabricantes que tão bem conhecemos. Além disso, ainda existem muitos problemas num mundo realmente eletrificado.
Por isso, a União Europeia voltou atrás na decisão de proibir a venda de novos carros com motor de combustão a partir de 2035. O que é absolutamente natural. Ou seja, agora, passa a permitir motores a gasolina e gasóleo… desde que funcionem com combustíveis renováveis e de baixas emissões.
Uma vitória para a indústria automóvel, um alívio para milhões de condutores e um enorme ponto de interrogação para quem acreditava numa transição “limpa” e simples.
A pressão venceu?

Durante meses, fabricantes como BMW, Mercedes, VW ou Stellantis alertaram que a infraestrutura de carregamento continua longe do necessário e que forçar a eletrificação total iria destruir centenas de milhares de empregos.
No papel, a solução parece elegante! Manter a combustão, mas com combustíveis limpos. Mas, na prática, está longe de ser assim tão simples.
O problema dos combustíveis “limpos”
Os sintéticos, como o eFuel da Porsche, são produzidos com enormes quantidades de energia. Um litro pode exigir mais de 25 kWh para ser fabricado, o que significa que, com a mesma energia, um elétrico faz cinco vezes mais quilómetros. É factual, e é um gigantesco ponto negativo.
E o preço? As estimativas falam em custos três a seis vezes superiores face aos combustíveis fósseis. Ou seja, isto nunca será uma solução de massa. Vai servir nichos para o futuro. Ou seja, Ferraris, Porsches, clássicos e pouco mais.
Os biocombustíveis, como o HVO100 da BMW, são interessantes, mas também não chegam para milhões de carros. A produção é limitada e a competição com outros setores torna tudo ainda mais complexo.
Então isto resolve o quê?

Muito pouco. A indústria ganha tempo e evita despedimentos em massa. Os governos fogem de uma crise política. E claro, os condutores que não têm como carregar um elétrico respiram de alívio.
Só que a realidade continua igual:
- a infraestrutura para elétricos está atrasada
- Os carros continuam caros
- a autonomia continua fraca
- carregar fora de casa continua caro
- milhões de europeus vivem em prédios sem garagem
- combustíveis sintéticos continuam absurdamente ineficientes
Basicamente, adiou-se o problema. Não se resolveu.
E agora?
O motor de combustão ganhou alguma vida extra, o que na minha opinião era necessário, e por isso, é provável que os híbridos ganhem alguma popularidade. Mas, para quem pode, o elétrico continua a ser o caminho mais eficiente.
No fundo, n debate não acabou. Acabou de começar.
