Depois de quase 30 anos, e de muito sucesso, o Ford Focus chegou ao fim. Aliás, na Europa, podemos até dizer que o nome Focus se confunde com a própria Ford. É um daqueles modelos que quase desenvolveu uma identidade própria ao longo dos anos.
Mas, depois de quase três décadas nas estradas, o último exemplar saiu da linha de produção de Saarlouis, na Alemanha, no início de novembro, acompanhado por aplausos dos trabalhadores. Aliás, a Ford até já atualizou o site oficial para confirmar… Não haverá mais Focus. Acaba aqui a história de um dos modelos mais populares e consistentes da marca norte-americana.
A Ford acabou com o Focus. Mas… Porquê!?

Lançado em 1998, o Focus atravessou várias gerações, disponível em sedan e hatchback, sempre com foco na condução fácil, preço acessível e, nos últimos anos, forte integração tecnológica. Para muitas famílias, era simplesmente o carro ideal para o dia a dia.
Mas hoje a pergunta é óbvia. Então e agora?
O que vai ocupar o espaço deixado por um modelo que vendeu milhões? A Ford, que diga-se de passagem não tem tido uma vida fácil ao longo dos últimos anos, tem tentado centrar o futuro nos elétricos, mas a transição não tem sido suave nem linear.
Um futuro elétrico… ainda cheio de pontos de interrogação
A estratégia da Ford passa por reforçar a aposta nos veículos elétricos, mas nem tudo tem corrido bem. O Ranger EV, por exemplo, durou pouco tempo no mercado.
Aliás, a fábrica do Tennessee, pensada para produção de EVs e baterias, está em pausa. Ao mesmo tempo, em agosto, a marca anunciou um investimento de 5 mil milhões de dólares para rever toda a operação e criar elétricos mais baratos, porque a verdade é que os preços continuam acima do que a maioria dos consumidores pode pagar.
Há também uma fábrica de baterias a caminho no Michigan. Tudo isto deverá reforçar a linha EV da Ford, com modelos como o F-150 Lightning e o Mustang Mach-E. Porém, com o Focus fora do catálogo, a marca fica sem um carro tradicional e sem alternativa imediata à altura. Se a Ford conseguir lançar elétricos realmente acessíveis, o vazio deixado pelo Focus pode transformar-se numa oportunidade. Mas para já é um enorme ponto de interrogação.
As vendas do Focus já tinham dado o aviso. O modelo estava cansado.
A questão aqui é… O mercado está virado para os elétricos, híbridos, e claro… SUVs.
O Focus não era nada disto, e como tal, acabou a ficar para trás. Aliás, a despedida também não foi apenas estratégica. As vendas do Focus estavam longe dos tempos de glória.
Os números confirmam isso mesmo. Nos EUA, o Focus vendeu mais de 200 mil unidades por ano entre 2000 e 2004, recuperando esse fôlego em 2012. Mas a partir daí, a queda foi constante, até aos 158 mil em 2017. No ano seguinte, a Ford tirou o modelo do mercado norte-americano. No Canadá a história foi semelhante, com menos de 12 mil unidades vendidas em 2017 antes do adeus.
Hoje, quem procura um Ford novo encontra sobretudo elétricos e híbridos. A própria Ford empurra os consumidores para modelos como o F-150 Lightning, mais barato do que um Tesla Cybertruck e herdeiro do legado robusto das pick-up americanas.
Na Europa temos outros modelos mais “modernos” como é o caso do Puma e do Kuga. Bem como várias ofertas eletrificadas que ainda não convencem, mas têm o seu caminho a percorrer.
Em suma, o Focus pode ter chegado ao fim, mas deixa atrás de si uma história de sucesso, milhões de fãs e um vazio estranho numa marca que sempre brilhou nos compactos. Resta agora saber se o futuro elétrico da Ford vai conseguir preencher este espaço… ou se o nome Focus ainda poderá vir a regressar noutro formato.
