A ASUS é uma das fabricantes que mais tem apostado no mundo Qualcomm Snapdragon no lado dos portáteis Windows, e ainda bem que assim é. Acredito que existe um potencial tremendo no mercado para este tipo de máquina, e só ao lançar mais e mais produtos é que vai ser possível andar com tudo isto para a frente.
Dito tudo isto, o ASUS Vivobook 16 X1607Q é um dos primeiros portáteis a chegar ao mercado com o novo Qualcomm Snapdragon X, com um grande foco na qualidade-preço.
Ou seja, em vez dos modelos mais potentes com Snapdragon X Elite ou X Plus, temos aqui o chip de entrada, numa máquina pensada para estudantes, trabalho de escritório e utilização doméstica. Nada de gaming a sério, nada de edição de vídeo pesada. E convém deixar isso bem claro logo no início. Ainda bem!
ASUS Vivobook 16: Portátil Snapdragon barato que acerta em (quase) tudo

A partir de 749 euros, a ASUS oferece um ecrã de 16 polegadas FullHD a 60 Hz, teclado completo com parte numérica, boa autonomia, um bom nível de performance, etc… Ponto negativo? Este é um dos portáteis mais genéricos que o dinheiro pode comprar.
Design sem graça e peso a mais
O Vivobook 16 é o típico portátil que andei anos a encontrar nas salas e laboratórios da minha faculdade. É aquele tipo de máquina que não chama a atenção, mas que também não falha quando é chamado a fazer das suas.
Ou seja, não é de todo um portátil entusiasmante, mas também não tem de o ser.
A tampa é lisa, com um logótipo discreto da linha Vivobook. Por dentro, há molduras relativamente finas nas laterais mas altas em cima e em baixo, o que dá aquele ar de portátil mais antigo e faz parecer que há uma folga estranha entre base e tampa quando está fechado.
O plástico é decente, mas ganha brilho e marcas de dedos com muita facilidade. Também se contorce bastente. Mas é o que é. Não podemos esperar comer lagosta nos lados budget da coisa.
Na parte de baixo, o portátil tem apenas uma entrada de ar para o ventilador e uma pequena zona de exaustão. Fora tudo isto, são 1.88 kg num portátil completamente em plástico. É pesado para andar na mala. Porém, oferece um ecrã de 16 polegadas. Por isso, não é o fim do mundo. Ah, e a dobra do ecrã vai até 180 graus.

Ecrã de qualidade?
Não é mau. É um painel IPS de 16 polegadas, com uma resolução nativa de 1920 * 1200, e capacidade de chegar aos 60hz. O brilho máximo vai até aos 300 nits, o que não é incrível, mas é mais do que decente para trabalhar e estudar.
Na prática, é um painel razoável para navegação, Office e algum streaming. Não é brilhante, mas também não é um desastre. O problema está nas cores. Isto porque, em muitos mercados, a ASUS indica 45% de cobertura NTSC, o que significa que fica bem longe de cobrir totalmente o espaço sRGB. Resultado? Cores baças, pouco impacto visual e aquele toque “lavado” em imagens e vídeos.
Há ajustes de temperatura de cor, filtro de luz azul e até um modo Vivid, mas nada disto resolve o problema de base. O painel não consegue ir além da sua gama de cores limitada. A relação de contraste é aceitável para IPS, os ângulos de visão são bons e o tratamento mate ajuda muito em interiores e exteriores sem sol direto.
Mas numa altura em que já se começam a ver OLED em muitos portáteis, isto sabe a pouco.
Teclado competente, trackpad grande mas pouco agradável ao clique

O teclado é um dos pontos positivos, como é normal nos portáteis da ASUS. É completo, com bloco numérico, teclas espaçadas, 1.7 mm de curso e boa resposta ao toque. A retroiluminação branca é suficiente e as teclas pretas garantem boa legibilidade tanto com luz acesa como apagada.
O problema mais irritante é o inevitável atalho Copilot a ocupar o lugar em que muitos gostavam de ter a tecla Control do lado direito. Mas isto não é problema da ASUS. É de todos os portáteis modernos com Windows.
O trackpad é grande, em plástico, suave, com boa resposta ao toque. Infelizmente, o clique mecânico é pouco satisfatório e faz vibrar metade da base. Funciona, mas não é particularmente agradável.
Som aceitável, webcam fraca e IA que não serve de muito neste contexto
Os altifalantes são virados para baixo, com apoio em Dolby Atmos e processamento extra da ASUS. O som acaba por ser razoável, com volume decente e sem distorção fácil, mas falta definição nos agudos e clareza geral. Para chamadas, vídeo e algum conteúdo multimédia serve, mas não vai impressionar ninguém.
A webcam não é nada de especial. Cumpre o mínimo, nada mais. Tem tampa física, o que é sempre bem-vindo, e suporta desbloqueio facial com Windows Hello.
Windows em ARM? Apps já ajudam, jogos… Nem por isso.
O Vivobook 16 vem com Windows 11 e relativamente pouca tralha da Asus. Há a habitual versão de teste do McAfee, que convém desinstalar, um ano de Office 365 e três meses de Game Pass, que aqui rozam o absurdo.
O lado positivo é que o número de aplicações ARM nativas cresceu muito. Já existem versões específicas de muitas apps populares e outras são distribuídas com instaladores que escolhem automaticamente a versão certa. O problema é que ainda há muitos casos em que o utilizador tem de perceber se quer x86, x64 ou ARM64, e isso está muito longe da realidade do utilizador médio.
No gaming, continua a desgraça. Não há versões ARM de jogos AAA populares, apenas algumas portas de jogos mobile. Mas, como é óbvio, este portátil não foi pensado para jogos. Por isso, também não me parece que seja o fim do mundo neste campo.
Porém, dá para jogar alguns títulos simples como Among Us, Balatro, etc…
Snapdragon X de entrada? Bom para o dia-a-dia, perfeito para autonomia
Temos aqui o Snapdragon X base.
São 8 núcleos Oryon a 3.0 GHz, com GPU Adreno X1-45 e a mesma NPU de 45 TOPS dos modelos superiores. A RAM é de 16 GB LPDDR5X e o SSD é PCIe 4.0 de 512 GB, com opção de 1 TB em alguns mercados. A RAM é soldada, o SSD pode ser trocado.
Em termos de uso real, o portátil porta-se bem em navegação web, Office, multitarefa ligeira e consumo de multimédia. Não se sente lento, nem dá aquela sensação de máquina barata a sufocar. Além disso, sendo focado na eficiencia, o desempenho não cai quando se tira o carregador. Os vários modos de ventilação e potência também não mudam drasticamente os resultados, nem te vão meter surdo.
A bateria de 50 Wh parece fraca no papel, mas aqui o Snapdragon X mostra o que vale. Em utilização contínua em navegação chegou-se a cerca de 8.5 horas, e em streaming a números semelhantes. Traduzido para uso normal, são dois a três dias de utilização moderada por carga.
O carregamento via USB C a 65 W leva a bateria aos 50% em cerca de meia hora, mas depois abranda e precisa de mais de duas horas para encher até ao fim.
Conclusão. Bom portátil de trabalho ou estudo!
É um bom portátil para aquilo que realmente foi pensado: navegação, trabalho, escola, Office, videoconferências e alguma multimédia. Tem ecrã grande em formato 16 por 10, teclado completo com lado numérico, trackpad amplo, boa autonomia e funcionamento quase sempre silencioso.
Os problemas estão no ecrã, e no facto de o Windows ainda não ser o melhor amigo do ecossistema ARM.
Mas, pelo preço, não está mal! Especialmente se encontrares uma boa promoção.
