O ChatGPT tem perto de 800 milhões de utilizadores semanais. Mas, apesar de ser bastante comum apanhar pessoas que admitem pagar, a realidade é que cerca de 95% dos utilizadores usam a versão gratuita.
Por isso, se a OpenAI quiser mesmo ganhar algum dinheiro, tem aqui uma base de utilizadores incrível para monetizar. Como? Com anúncios, claro.
Um programador chamado Tibor Blaho andou a vasculhar o código da versão beta da app Android do ChatGPT e encontrou algo que não deixa grandes dúvidas. Linhas que fazem referência a anúncios, “bazaar content”, “search ad” e até um “carousel” de anúncios. Ou seja, tudo indica que a OpenAI está a preparar terreno para começar a faturar com publicidade.
A app final ainda não saiu, mas o caminho parece traçado

A versão 1.2025.329 beta contém várias referências internas a um sistema de anúncios. Não aparecem ainda funcionalidades ativas, mas é exatamente assim que começam estas mudanças. Primeiro o código, depois o rollout discreto, e de repente… anúncios em todo o lado.
De facto, a empresa contratou cerca de 630 ex-funcionários da Meta, cerca de 20% do seu quadro total. E até criou um canal de Slack dedicado aos “alumni” da Meta, uma empresa cuja especialidade é, como sabemos, publicidade altamente direcionada. Coincidência? Não parece.
Ads personalizados com base nas tuas conversas? É isso que está em cima da mesa.
Segundo vários relatos, a OpenAI está a estudar como usar memórias, histórico de conversas e até perfis criados indirectamente através das interações para personalizar anúncios. Ou seja, publicidade segmentada com base no que o utilizador diz ao próprio chatbot.
Faz sentido do ponto de vista de negócio, mas levanta questões sérias de privacidade. E abre espaço para críticas. Muitas.
Altman já chamou publicidade de “perturbadora”. Agora mudou de ideias.
Sam Altman já tinha dito no passado que anúncios eram “estranhamente inquietantes”. Chamou-lhes “último recurso”. Mas, mais recentemente, no primeiro episódio do podcast da OpenAI, admitiu que afinal não está totalmente contra. Só não tinha encontrado a forma certa de os integrar.
Pelos vistos encontrou.
Tudo aponta para que os anúncios cheguem primeiro à versão gratuita
A hipótese mais provável é simples. A OpenAI vai seguir o mesmo caminho das plataformas de streaming. A versão grátis passa a ter anúncios. A versão paga mantém-se limpa e continua a oferecer mais velocidade, mais fiabilidade e acesso a modelos mais potentes.
No fundo, nada muito diferente do que já acontece em grande parte da internet. Mas vai mudar completamente a forma como muitos utilizadores interagem com o ChatGPT.
