A ficção científica prometeu-nos muito… mas a realidade é outra completamente diferente. Por isso, apesar das promessas de várias empresas, não espere ver carros voadores por cima da sua cabeça nos próximos tempos.
Durante décadas, vimos filmes a mostrar um futuro cheio de carros voadores e jetpacks, o que é giro, e é obviamente o sonho de muito boa gente que cresceu a ver Blade Runner ou Back to the Future. Aliás, no caso do primeiro, em 2019 já existiam táxis a flutuar.
Mas sabe o que tem mais piada? Não é porque a tecnologia não exista. O problema é tudo o que vem à volta dela.
Jetpacks e carros voadores existem, são reais, estão a ser testados e alguns até estão quase a entrar em produção. Só que transformar isto em algo mainstream é um pesadelo logístico, energético e regulatório. É por isso que continuamos presos ao chão, e ainda bem.
O principal problema é simples. Energia!
Vídeo chamadas? Avançaram. Hologramas? Já temos protótipos. Agora, meter pessoas a voar individualmente? Isso exige uma quantidade absurda de energia. Se já existe uma tentativa de acabar com os carros a combustão pelo absurdo de energia que usam, e pela forma como a dissipam, agora imagina o resto.
Qualquer coisa que levante um ser humano no ar consome mais combustível ou eletricidade do que um carro tradicional alguma vez vai consumir.
Aliás, hoje, quase tudo o que voa depende de combustível de aviação. Isto torna impossível escalar para milhões de utilizadores. Além disso, aumenta emissões e custos, algo completamente incompatível com transporte diário.
Há empresas a tentar resolver isto com soluções elétricas, como tivemos a oportunidade de ver na GITEX Global. Mas a autonomia, peso das baterias e segurança continuam muito longe do ideal.
Carros voadores precisam de ser silenciosos, compactos e seguros
Outro problema. A ficção científica mostrou-nos carros que levantam voo na própria garagem. O problema é que aviões precisam de pista para ganhar velocidade. E um carro voador precisa de descolar verticalmente. É aqui que entram os VTOL, os veículos de descolagem e aterragem vertical. O único exemplo funcional hoje é o helicóptero.
Agora imagina milhares de helicópteros no trânsito da manhã. O barulho seria insuportável. E completamente perigoso.
Por isso, a indústria está a apostar nos EVTOL, veículos elétricos capazes de levantar voo sem pista e sem barulho. São a peça mais promissora… e também a mais difícil de tornar realidade.
Já existem protótipos, mas a carteira treme!


O Alef Flying Car e o Jetson One são os nomes mais próximos de “carros voadores” que podemos comprar. Mas quando o preço base começa nos seis dígitos, deixa de ser futuro e passa a ser brinquedo para milionários.
Mesmo que o preço baixasse, ainda existe um obstáculo gigante. A infraestrutura.
Ter carros no ar exige:
- novas regras de tráfego aéreo
- controlo rigoroso e automatizado
- pilotos treinados
- corredores aéreos específicos
- certificações obrigatórias
Ou seja. Não dá para acordar e decidir que agora voamos até ao trabalho.
Jetpacks. O sonho mais perigoso de todos
Jetpacks funcionam. Há demonstrações incríveis. E também há quedas assustadoras.
O risco é enorme e qualquer falha é catastrófica. Eles consomem combustível a uma velocidade absurda e têm autonomia extremamente baixa. Não há forma realista de transformá-los em algo para uso diário.
Quando é que isto se torna mainstream?
Quando existir uma solução energética leve, limpa e barata. Ou seja, provavelmente dentro de décadas, ou nunca.
Além da energia, quando o ruído for resolvido. Quando existirem sistemas automáticos capazes de evitar colisões sem intervenção humana. E quando os preços forem acessíveis.
Até lá, vamos continuar a sonhar com carros voadores no cinema… e a apanhar trânsito bem assentes no chão.
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