A Motorola tem andado numa fase curiosa, e talvez mais importante que isso, muito interessante. Estamos a falar de um nome histórico que todos nós conhecemos, mas que por ter desaparecido durante tantos anos, parece ter caído no esquecimento de grande parte da população.
Porém, sem contar com os Redmi da Xiaomi, a Motorola é quem faz os melhores smartphones de gama média no mercado. Onde consegue conjugar preço a design e performance. Além destes aparelhos, também tem propostas muito interessantes na parte do “quase topo de gama. Aliás, até dobráveis tem com preços acessíveis, e de facto, agora até tem um smartphone super fino a fazer lembrar as propostas da Samsung e Apple.
A diferença? É mais barato!
O “finório” é um smartphone que não é topo de gama, nem tem de o ser, mas que faz muito sentido na mão! Porém, também sofre do mesmo mal dos seus rivais, e é aqui que está o problema.
Bonito, fininho, e poderoso o suficiente. Receita mágica? Poucos compromissos! Mas…
O Edge 70 tem só 5.9 mm de espessura e peso 159g. É leve, elegante e tem aquele toque Pantone que dá sempre pinta aos Motorolas mais recentes, que trazem quase sempre cores fora da caixa.
Curiosamente, apesar dos 5.9mm de espessura, tem uma bateria de 4800mAh, bem como mais câmaras na traseira. Ou seja, não aparece no mercado a coxear (tanto) como os seus rivais. Isto é o lado positivo, mas também existe uma parte negativa que tem de ser comentada.
Afinal de contas, é um smartphone que aparece mais caro, porque perdeu milímetros, e isso ainda é estranho para mim.
Para fazeres algo fino, a receita não pode ser a mesma. É por isso que o Edge da Samsung falhou, e o Air da Apple vai pelo mesmo caminho. Tudo vai ter de caber num espaço mais pequeno, e claro, isto custa dinheiro, ou leva a limitações estranhas que os consumidores podem não aceitar.
Mas, no caso da Motorola, a coisa fica estranha porque a gama Edge já existia. Ou seja, a Motorola já fazia smartphones finos e leves para o mercado Europeu. Não foi assim há tanto tempo que tivemos a oportunidade de testar o Edge 60 Pro, um smartphone incrível e que era de facto capaz de chamar a atenção com argumentos próprios.
Aliás, o Edge 60 Pro não é muito mais grosso e/ou pesado, e é mais telemóvel, e sempre foi mais barato que este Edge 70. É uma retórica estranha, quando por meros milímetros a menos, tens de pagar mais dinheiro por menos telemóvel.
Porém, percebo a estratégia da Motorola, e como tal, vamos falar do que realmente vale este aparelho.
Ecrã competente e truques úteis
O ecrã é um dos pontos positivos. Temos um painel de 6.7”, 2712 x 1220, 120 Hz, bom brilho e compatível com HDR10+. Tem até um truque que adorei, o “Water Touch”, que permite usar o ecrã mesmo com as mãos molhadas.
Para quem vive entre a cozinha, ginásio e casa de banho, é uma coisa boa de se ter do nosso lado.
É também extremamente fluído, com cores fiéis à realidade.
Software está bom, mas podia estar com menos tralha.
O Edge 70 arranca com Android 16, mas vem com algum bloatware. TikTok, Temu, Booking, Perplexity e companhia. O preço é competitivo face aos Samsung e Apple desta vida, mas não é competitivo o suficiente para meter apps à sorte só porque sim.
É verdade que as podemos remover, mas isso dá trabalho, e se há coisa que não quero ter num smartphone novo é… Andar a desinstalar coisas que nem sei para que servem.
Entretanto, a Moto continua a insistir no Moto AI, mas ainda não sabe bem o que quer ser.
É confuso para mim que ando nisto há anos, e por isso, é obviamente também confuso para a grande maioria dos consumidores. Aliás, acredito que grande parte das pessoas vai ignorar o IA sempre que este tentar meter um dedo na dia-a-dia do utilizador.
É um assistente? Organizador? Gerador de playlists? Um bocado de tudo, o que acaba por também resultar em nada.
Câmaras boas? Sim, mas a espessura leva a cortes.
A configuração inclui uma principal de 50 MP e uma ultra grande-angular de 50 MP. Mas… A teleobjetiva do Edge 60 Pro desapareceu, e isso é de facto uma pena.
Para quem tira muitos retratos, zoom ou fotos em eventos, isto é um corte que pesa.
Entretanto, em boa luz, as fotos são decentes, com cor e detalhe suficientes. Em baixa luz, vai-se safando. Além disso, apesar de não contar com um SoC de topo, o aparelho é muito rápido na captura de imagem, o que é sempre bem-vindo quando nem sempre é um dado adquirido no lado Android da coisa.











Performance sólida, apesar do chip
O Snapdragon 7 Gen 4 não é topo de gama, mas aguenta-se muito bem nesta gama de preços. Depois temos 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento interno. Ou seja, o Edge 70 respira conforto. Joguei sem problemas, usei todas as apps do meu dia-a-dia, e o comportamento foi estável e recomendável.
Bateria decente para o telemóvel que é. Carregamento muito acima da concorrência.
A bateria de 4.800 mAh dá bem para um dia e picos. O carregamento é de 68 W. Nada de especial, mas longe de ser mau. Há carregamento sem fios a 15 W, o que também é muito bem vindo quando muitas fabricantes ainda olham para este tipo de carregamento como se fosse algo super Premium.
O problema do Edge 70 é simples… O Edge 60 Pro existe!
A Motorola quis entrar no hype dos telefones fininhos, o que é compreensível. Afinal de contas, a marca precisa de saltar para os olhos dos consumidores, e por isso, faz todo o sentido tentar entrar na maré.
Mas, não se pode esquecer que a sua força sempre foi o valor, não a espessura. Especialmente quando a gama Edge já é conhecida por ser premium, leve e fina.
Vale a pena comprar?
Valer até vale, eu gosto muito deste Edge 70, ter algo super leve e fino é de facto muito interessante nos primeiros dias. Mas, depois metes a capa, e deixa de ser tão giro. Depois passam alguns dias, e começa a ser um smartphone normal.
Por isso, se encontrares o Motorola Edge 60 Pro com uma boa promoção em cima, acho que deves pensar bem com os teus botões. O Edge 70 é um smartphone muito interessante, mas não traz nada de novo para quem de facto quer um smartphone para aguentar anos a fio.
Se queres algo fino e super leve, que vai dar origem a conversas de café na primeira semana, porreiro. Caso contrário, compra o Pro. É mais barato, mais equilibrado e, sinceramente, melhor. Em suma, a Motorola fez um telefone bonito. Mas o coração também conta.
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