Num evento muito recente de lançamento de um automóvel que pode ser muito interessante para o mundo automóvel (Twingo), tive uma conversa que pode parecer banal, mas que achei muito importante. com um diretor de comunicação de uma marca de automóveis muito conhecida no nosso mercado, bem como com um outro jornalista.
Estamos a falar da Renault, uma marca que anda a fazer um trabalho incrível nos últimos 2 a 3 anos, chegando ao ponto de pessoalmente afirmar que se está a reinventar, ao trazer design, mística, e tecnologia, a um mercado que parece cada vez mais estagnado e sem alma.
Mas… Que conversa foi esta?
Renault: Somos mais exigentes com os carros, do que com o resto?
Portanto, escusado será dizer que a Renault, ou melhor, o Grupo Renault, tem lançado carros até dizer chega ao longo dos últimos anos. Nao só por lançar, mas sim porque a filosofia mudou, e como tal, é preciso elevar tudo a um nível mais alto, e como tal, mais interessante.
Hoje em dia, qualquer lançamento vem com uma filosofia diferenciada associada. E, apesar de a “antiga” Renault não ser uma má fabricante, é inegável que agora estamos a falar de outras paradas.
Do que se falou?
Segundo o porta-voz, existiu um estudo de mercado onde ficou aparente que todo o esforço que andou a ser feito nos últimos anos não está a chegar aos ouvidos e olhos dos clientes finais.
Ou seja, apesar da revolução da marca ser bem conhecida entre os entusiastas, jornalistas, representantes de outras marcas, etc… O consumidor mais casual ainda não percebe o que mudou.
Isto significa que, para a grande maioria dos clientes, a imagem da Renault continua a mesma. O que parece grave, mas a meu ver é completamente natural.
Porque é que isto acontece? É natural.
Eu tenho a vantagem de viver dois mundos muito intensamente. O da tecnologia, que foi sempre o meu “pão com manteiga”, e agora o dos carros, que tem muitas similaridades, mas também tem diferenças gritantes. A maior está no público!
É muito mais fácil passar uma mensagem no lado da tecnologia, do que é no lado dos carros. Se sair um telemóvel com mais RAM, mais bateria, ou um ecrã mais brilhante, no espaço de 6 meses a 1 ano, toda a gente sabe que isso mudou.
Nos carros? É para esquecer!
Ou seja, o mercado automóvel é muito diferente do mundo da tecnologia, onde tudo muda todos os anos anos, ou mais tardar, de 2 em 2 anos.
Mais concretamente, a grande maioria dos consumidores não consome notícias de carros como consome outro tipo de conteúdo. Porque… Não precisa! Ninguém deixa cair um carro e vai comprar outro. Ou quer trocar de carro porque o novo traz mais 3 ou 4 cavalos e isso faz toda a diferença.
Existe uma noção das marcas, da qualidade, dos modelos que existem, e algumas das tendências de mercado. Mas fica por aqui.
Na cabeça do consumidor casual, o Clio mais recente continua a ser o Clio de 2015. Isto em termos de potência, tecnologia, etc… Isto é ainda mais verdade em mercados como o nosso, onde o carro usado é quase sempre rei.
O nosso parque automóvel é antigo, e na grande maioria das vezes, as pessoas preferem comprar usado com alguns anos em cima, ou até importar. Isto significa que a atenção não está no mais recente e reluzente. Está sim naquilo que é possível pagar.
E agora?
Isto é sem dúvida um desafio para as fabricantes que andam a apostar forte e feio na eletrificação ou na eficiência das motorizações híbridas.
Como é que se passa uma mensagem assim tão complexa, a quem não percebe nada de carros, e que só vai pesquisar quando troca de carro? A exigência é outra? Num mundo em que toda a gente conhece o último iPhone, mas não fazia ideia de que o Renault 5 é o carro do ano do ano passado?
Partilha connosco a tua opinião na caixa de comentários em baixo.
🔥 Este artigo foi útil?
Precisamos dos nossos leitores. Segue a Leak no Google Notícias e no MSN Portugal. Temos uma nova comunidade no WhatsApp à tua espera. Podes também receber as notícias do teu e-mail. Carrega aqui para te registares É grátis!




