ASUS ROG Xbox Ally X: A maldição do Windows? (Análise)

O mundo das consolas portáteis está a mudar, e como tal, está a crescer de forma que poucos achariam possível fora da “bolha” da Nintendo. Aliás, estamos a chegar a um ponto em que a própria Sony quer voltar atrás na sua promessa de nunca mais lançar uma consola portátil, depois do “flop” da PS Vita.

Mas, enquanto a Sony não se resolve, a Microsoft decidiu lançar algo interessante com a ajuda da ASUS. Estamos a falar da ASUS ROG Xbox Ally X, uma consola que vai buscar o que de bom a gigante de Taiwan tem vindo a fazer no lado do hardware, e junta tudo isso com uma Microsoft a finalmente perceber que o Windows tem de ser mais amigo dos jogos.

Dito tudo isto, tive a oportunidade de testar nesta última semana a nova Xbox Ally X, o computador portátil da Asus que prometia ser o salto geracional de que estávamos à espera para este tipo de equipamento.

Vale a pena?

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ASUS ROG Xbox Ally X: A maldição do Windows? (Análise)

IMAGEM

Portanto, a nova consola chega ao mercado com um processador AMD Ryzen Z2 Extreme, 24GB de memória RAM LPDDR5X, 1TB de armazenamento no SSD, uma ergonomia melhorada, um leitor de cartões SD que não derrete, e muitas outras coisas aparentemente boas. Tudo isto meteu as nossas expetativas lá em cima! No pico daquilo que devia ser o mundo dos videojogos mobile. Performance, ergonomia, design, e finalmente um Windows 11 que não provoca calvicie aos 20~30 anos.

Mas, enquanto o hardware é bom, o problema está no sistema operativo que escolheram para o trazer à vida…

Unboxing, Primeiras Impressões e Design

No que toca à apresentação, é difícil bater a Asus, o que é normal, visto que este não é o primeiro circo que a marca monta à volta de uma consola portátil baseada em especificações de luxo.

@nunooliveira2723 @Leak.pt #asus #rog #xbox #ally #CapCut ♬ som original – Nuno Miguel Oliveira


De forma muito resumida, a consola vem muito bem acondicionada e impressiona desde o momento em que se abre a caixa. É uma experiência que se faz sentir, e até para quem vê de fora, impressiona.

Ergonomia e Portabilidade

Neste quesito, posso dizer com confiança que é o PC gaming deste género mais confortável que já usei, e já usei alguns (Lenovo Legion Go, ROG Ally e Ally X, etc…).

Claro que é difícil ter-se tudo, especialmente quando estamos a tentar enfiar tanta potência num formato tão portátil. Mas, a missão foi bem sucedida.

O “feeling” é de estar a agarrar num comando Xbox, que como deve saber, é o comando mais ergonómico do mercado. Isto claro, com um ecrã no meio. Aliás, até no peso, a consola não se sente como um sistema completo, mas sim como um simples comando. Não é pesada, e a distribuição desse mesmo peso está muito bem conseguida.

Mas, tendo tudo isto em conta, chamar à Xbox Ally X de portátil é algo… Ambicioso. Este PC Gaming, apesar de confortável, é um monstro! Especialmente quando se olha para a logística de meter a consola dentro de uma mala (com ou sem case). Este é um dispositivo mais pensado para usar em casa, trabalho (se o patrão não o apanhar), etc… Do que usar no dia-a-dia em movimento.

Hardware e Software

Como mencionei anteriormente, as specs desta consolas que no fundo é um PC Gaming, são bastante interessantes:

  • Chipset: AMD Ryzen AI Z2 Extreme
  • Armazenamento: 1TB M.2 2280 SSD
  • Memória: 24GB LPDDR5X-8000
  • I/O: 1x USB 4 Type-C, 1x USB 3.2 Gen 2 Type-C, 1x UHS-II MicroSD card reader, 1x 3.5mm
  • Ecrã: 7 polegadas, VRR IPS, 1080p, 120Hz
  • Bateria: 80Wh

A minha única crítica neste departamento… Que infelizmente não é assim tão pequena… Como assim um ecrã IPS hoje em dia num dispositivo premium de 899 euros?!

Um ecrã OLED pode ter os seus problemas, especialmente no brilho que é importante para uma consola que se quer portátil. Ainda assim, é algo que se nota bastante no dia-a-dia, especialmente no que toca à vivacidade das cores, bem como no tempo de resposta.

Tudo o resto? É excelente. O problema vem na forma como se aproveita o hardware.

Pois… O software…

Bem, vamos então falar daquilo que considero ser a maior fraqueza deste sistema, o Windows.

Eu realmente chego à conclusão que, mesmo numa versão “adaptada” como temos aqui, o windows é uma péssima escolha para aquilo que é suposto ser uma consola portátil que apenas quer correr jogos de PC.

Digo isto de ânimo pesado, porque o Windows sempre foi, e continua ser, o meu sistema operativo de eleição. Porém, também sei admitir que é um SO com demasiado bloat/inchaço que acaba por atacar a performance do aparelho, especialmente num sistema em que cada recurso conta para ter um bom nível de performance.

Isto sem falar de outros tipos de instabilidade ou problemas que aparecem do nada, e acabam por ser irritantes de resolver, porque apesar de ser um PC, isto também é uma consola. 

Dou como exemplo o facto dos controlos físicos por vezes não funcionarem quando ligo a consola, e obriga-me a por o pin com um teclado virtual. As mudanças de resolução que acontecem quando se troca de jogo ou aplicação. O pânico da consola cada vez que se liga ou desligar um cabo HDMI, etc… Claro que tudo isto pode ser resolvido com atualizações de software. Mas… Nunca se deve comprar um produto tendo como base o que pode vir a ser. O que temos em mãos agora é isto.

Mas… nem tudo é mau!

Ao contrário da antiga Ally X, quando fazemos boot, somos colocados numa interface Xbox (muito parecido ao de uma consola), isto ao mesmo tempo que a ROG Ally X deixa vários subsistemas e rotinas do Windows dormentes, de forma a otimizar todos os recursos disponíveis.

Além disso, temos também acesso fácil à Steam (onde penso que a maioria de nós tem as maiores bibliotecas), bem como a um sub-menu da Armory Crate onde podemos a qualquer momento controlar o modo de consumo energético da consola (assim como mudar a resolução, taxa de atualização, etc…):

Agora, é importante salientar que a maioria do meu tempo a jogar foi no modo Turbo. Isto porque o teste foi feito 90% do tempo em casa, e como tal tinha sempre ao lado o carregador. Ainda assim, fiz testes nos modos disponíveis.

  • Silencioso: 2974 Steel Nomad Light (3dMark)
  • Desempenho: 3206 Steel Nomad Light (3dMark)
  • Turbo: 3490 Steel Nomad Light (3dMark)

Performance

Colocando um pouco a instabilidade do Windows de parte, quando tudo funciona como é suposto, a experiência de gaming neste sistema é realmente muito boa.

Por exemplo, ando a jogar GTA V novamente para matar saudades e aproveitei para testar o sistema com a versão enhanced que saiu este ano. Dito tudo isto, dei por mim a jogar GTA V enhanced a 60 FPS estáveis e com as definições gerais em High, algo que me deixou muito surpreendido pela positiva.

  • Nota: É claro que sendo um ambiente Windows, é necessário perder algum tempo a encontrar as definições certas para atingir o sweet spot entre performance e qualidade gráfica. Mas… É agora muito mais fácil atingir uma qualidade visual “decente”, face às consolas das outras gerações.

Claro que, a performance infelizmente não depende apenas do hardware ou até do SO, mas também da otimização individual de cada jogo. Dando o Space Marine 2 como exemplo, é um jogo que mesmo em low, é praticamente impossível chegar aos 60 FPS, quanto mais mantê-los estáveis. Na realidade, esta acaba por ser a grande desvantagem destas consolas que no fundo são um PC Gaming que. Isto porque, ao contrário de uma consola onde todos os jogos estão (idealmente) otimizados para o mesmo hardware, os componentes variam bastante, e como tal, é complicado ter uma experiência consistente, ou até fácil de atingir.

Bateria

Como mencionei em cima, a duração da bateria pode variar, visto que está dependente do modo energético que estamos a usar, assim como do “peso” do jogo/atividade em questão. Dito tudo isto, pela minha experiência, em modo Turbo e a jogar o GTA V em High, contei com mais ou menos duas horas de jogo até ter de voltar a por a Ally à carga.

O que é mais ou menos o esperado. Jogar fora de casa? Conte com 2~3 horas de autonomia total.

Conclusão

Em suma… Esta é difícil de avaliar.

Por um lado temos umas especificações de hardware muito boas, boa qualidade de construção, assim como aquela que é muito provavelmente a consola mais ergonómicas do mercado. O design também está em linha com aquilo que se pretende.

Mas, por outro, temos um sistema operativo que em nada complementa um ambiente focado em gaming, bem como um ecrã IPS que deixa a desejar num mercado cada vez mais dominado pelo OLED.

Ainda assim, posso dizer que quando tudo estava a funcionar como era suposto, gostei bastante do meu tempo com a ASUS ROG Xbox Ally X.

Mas… Há um outro problema… São 899€!

900€ são muitos euros por uma consola que ainda não está no ponto. Quase que se compram duas PS5, ou se monta um PC Gaming (torre) capaz de correr tudo no máximo em FHD.

É novamente um produto para um nicho, com potencial, mas que ainda não está a conseguir convencer as massas.

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A ferver

Gonçalo Henriques
Gonçalo Henriques
Lembro-me de ser miúdo e passar os meus dias a jogar NES/PS1, acho que até aí já sabia que iria ser gamer para o resto da vida. Agora quero partilhar este meu interesse com todos os que estejam interessados em ouvir um geek a falar da sua paixão.

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