Já alguma vez estiveste num sítio e ouviste um som agudo, quase impercetível, enquanto as pessoas à tua volta diziam que não ouviam nada? Se sim, pode não ser imaginação.
Na verdade, é possível que tenhas um tipo raro de sensibilidade auditiva conhecida como hiperacusia ou, em alguns casos, superaudição.
O som que poucos conseguem ouvir
Há sons tão agudos que a maioria das pessoas nem sequer consegue detetar. Alguns dispositivos eletrónicos, lâmpadas fluorescentes, carregadores de telemóvel e até ecrãs antigos emitem frequências acima dos 15.000 Hz. Trata-se de um limite que começa a ser “invisível” para a maior parte dos adultos.
Mas há quem os oiça claramente, muitas vezes descrevendo-os como um zumbido agudo, irritante ou constante, semelhante ao som de um mosquito. É daí que vem o termo popular “mosquito tone”, usado até em lojas e parques para afastar grupos de jovens, porque apenas pessoas com audição muito sensível conseguem detetá-lo.
O que é a superaudição?
A chamada “superaudição” não é exatamente uma superpotência, mas uma hipersensibilidade auditiva real. Pode acontecer por duas razões principais:
- Genética: algumas pessoas nascem com um espectro auditivo mais amplo, conseguindo captar sons acima dos 17.000 Hz.
- Neurológica: o cérebro amplifica estímulos sonoros que normalmente seriam filtrados, tornando sons comuns dolorosos ou impossíveis de ignorar.
Em casos extremos, essa hipersensibilidade causa desconforto físico, ansiedade e até dores de cabeça é o que os médicos chamam de hiperacusia clínica.
Como testar a tua audição
Podes encontrar facilmente testes de frequência sonora online.
Mas atenção:
- Usa auscultadores de boa qualidade e começa com o volume no mínimo.
- Aumenta devagar e vê até que ponto consegues ouvir o som.
- A maioria das pessoas adultas só ouve até 15.000 Hz, enquanto jovens ou pessoas com audição acima da média chegam aos 18.000 ou 19.000 Hz.
Se conseguires ouvir sons que os outros à tua volta não detetam, podes ter uma sensibilidade auditiva mais apurada do que o normal.
Quando é sinal de algo mais sério
Nem sempre ouvir sons “que mais ninguém ouve” é um dom. Se o ruído é constante, mesmo quando não há fonte sonora, pode tratar-se de acufeno (tinnitus). Trata-se de um problema relativamente comum causado por exposição a ruído, stress ou tensão no maxilar.
Outros sinais de alerta:
- Sons agudos que te causam dor ou desconforto físico;
- Dificuldade em concentrar-te por causa de ruídos de fundo;
- Hipersensibilidade a sons do dia-a-dia (voz, trânsito, electrodomésticos).
Nestes casos, o ideal é procurar um otorrinolaringologista ou audiologista, que pode avaliar se há uma alteração real na perceção auditiva.
Curiosidade: o som que envelhece contigo
A nossa capacidade de ouvir sons agudos diminui naturalmente com a idade. É por isso que, em certos locais públicos, jovens conseguem ouvir tons que adultos nem percebem.
A perda começa por volta dos 25 anos e acelera com exposição a ruído, auscultadores e concertos.
Em média:
- Adolescentes: até 18.000 Hz
- Adultos: até 15.000 Hz
- Maiores de 50 anos: até 12.000 Hz
Se ouves sons que ninguém mais parece ouvir, não estás a imaginar coisas. Podes simplesmente ter uma audição mais sensível. Algo raro, mas real.
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