Fabricantes de carros começam a dizer que não aos ecrãs?

Durante mais de uma década, os fabricantes de automóveis venderam-nos a ideia de que o futuro estava nos ecrãs gigantes a ocupar o tablier. Uma moda que começou com a Tesla, que abriu o caminho com muita força. Claro que, as marcas seguiram atrás e, de repente, até para ligar o ar condicionado eram precisos três toques e um menu escondido. Mas parece que o ciclo está a inverter-se… E ainda bem!

A Mercedes-Benz acaba de anunciar que vai trazer de volta botões físicos, dials e roldanas para dentro dos carros, assumindo que os ecrãs não são assim tão seguros nem tão práticos (nem tão baratos).

O plano arranca em 2026. A questão é… Vai ser só a Mercedes? Claro que não, mas a forma de fazer as coisas vai mudar de muito de marca para marca. Aliás, a própria Mercedes diz isto, mas vai continuar a montar ecrãs gigantes nos seus automóveis.

O regresso dos botões não é só porque sim. É porque os ecrãs falharam, ao serem pouco práticos, e na realidade, caros. 

digital ou analógico: qual é o painel mais fiável nos carros?

Estudos feitos na Europa mostram que operações simples demoram mais do dobro do tempo em carros com tudo escondido em menus tácteis. Num teste sueco, um Volvo de 2005 cheio de botões demorou 10 segundos a executar tarefas básicas. Por sua vez, os carros mais recentes com ecrãs demoraram entre 23 e 45 segundos.

São apenas segundos, mas podem fazer a diferença quando se está a conduzir. 

A própria Mercedes admite que a decisão foi influenciada pelo feedback dos clientes. Ou seja, muitos preferem ter um botão real para mexer no volume ou no ar condicionado.

Entretanto, a Volkswagen já tinha admitido que os seus tabliers digitais causaram frustração e decidiu recuar. A Hyundai também voltou a colocar botões físicos depois de perceber que os sistemas tácteis só atrasavam o condutor em situações críticas.

Porém, na grande maioria das situações, os automóveis modernos ainda são dominados por ecrãs. O que pode fazer pouco sentido.

Reguladores também vão obrigar!

Em 2026, as normas Euro NCAP vão começar a penalizar carros que não tenham controlos físicos para funções essenciais, como climatização ou assistências à condução. Na prática, quem insistir em fazer tudo por ecrãs vai perder pontos de segurança e, inevitavelmente, vendas.

Até onde podem crescer os ecrãs?

Curiosamente, tudo isto acontece pouco depois da Mercedes lançar o seu MBUX Hyperscreen, um monstro de ecrã com 39 polegadas que atravessa todo o tablier do automóvel. Algo que a Mercedes afirmou ser o futuro dos automóveis.

Por isso, estas declarações acabam por ser “estranhas.”

Ainda assim ,o chefe de design da marca já reconheceu que chegámos ao limite: não dá para fazer ecrãs muito maiores sem sacrificar ergonomia e segurança.

Claro que a aposta em inteligência artificial e comandos de voz continua a crescer. Se os sistemas de voz forem mesmo fiáveis, podem tornar a guerra “ecrã vs botões” quase irrelevante. Mas até lá, parece que o bom e velho botão vai recuperar espaço nos carros do futuro.

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Nuno Miguel Oliveira
Nuno Miguel Oliveirahttps://www.facebook.com/theGeekDomz/
Desde muito novo que me interessei por computadores e tecnologia no geral, fui sempre aquele membro da família que servia como técnico ou reparador de tudo e alguma coisa (de borla). Agora tenho acesso a tudo o que é novo e incrível neste mundo 'tech'. Valeu a pena!

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