A Apple lançou uma comunicação bastante interessante, e claro, muito invulgar, sobre o Digital Markets Act (DMA) da União Europeia. A legislação que entrou em vigor no ano passado e que obrigou a empresa a abrir o iOS a lojas de apps de terceiros, pagamentos alternativos e até a partilhar algumas das suas tecnologias com concorrentes.
Segundo a Apple, estas mudanças já estão a causar atrasos na chegada de novas funcionalidades ao mercado europeu, e há até recursos que podem nunca ser lançados por questões de privacidade.
Exemplos? O iPhone Mirroring ou as novas opções do Apple Maps (Visited Places e Preferred Routes) estão praticamente bloqueadas na UE.
“O iOS está a ficar cada vez mais parecido com o Android”
Portanto, no comunicado, a Apple não esconde a crítica:
- “As mudanças aos mercados de apps estão a tornar o iOS mais parecido com o Android”.
A gigante Americana afirma que o ecossistema fechado foi sempre pensado para proteger os utilizadores. Ou seja, que a abertura forçada pode acabar por tornar a experiência menos intuitiva e mais arriscada.
O problema? Aplicações com microtransações abusivas para crianças, períodos de teste escondidos com preços exorbitantes, ou até apps falsas que acabaram por ser usadas para streaming ilegal. Uma argumentação engraçada, porque a App Store não inocente nestes casos, mesmo fazendo parte de um ecossistema mais fechado.
Aliás, não nos podemos esquecer do caso de malware de criptomoedas que conseguiu infiltrar-se na própria loja oficial.
Consumidores ganham ou perdem?
Acho honestamente que perdem. Ecossistemas cada vez mais parecidos, e de facto mais limitados no lado da escolha. Com a IA a crescer, na Europa, ainda temos muitas funcionalidades bloqueadas, e sem previsão para a chegada em pleno destas.
No entanto, a grande discussão é se estas regras vão aumentar a liberdade de escolha ou se só vão criar uma experiência mais confusa, com iOS e Android a ficarem praticamente iguais.
Mas… Temos que partir alguns copos para arrumar a cozinha. A União Europeia quer quebrar o duopólio tecnológico que se mantém há quase 20 anos. Por isso, este pode ser um caminho acertado.
Há espaço para mais? A verdade é que ninguém acredita que vá surgir um “novo sistema operativo” de peso a esta altura do campeonato. O domínio da Google e da Apple é demasiado vasto e poderoso.
Os utilizadores europeus podem vir a ter mais opções, sim, mas a grande questão é… Se todos forem iguais, que sentido faz escolher?
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