Já todos ouvimos histórias estranhas ligadas a carros. Desde o vizinho que jura que pôr óleo de cozinha no motor “aguenta mais quilómetros” até ao primo que acredita que a Coca-Cola limpa ferrugem melhor do que qualquer produto profissional. Mas há um mito que ainda hoje circula em fóruns, vídeos e conversas de oficina: “E se colocares Coca-Cola no depósito do carro?” À primeira vista até parece uma ideia inocente. Afinal, a Coca-Cola é um líquido, o carro precisa de um líquido para andar… e há até quem diga que a acidez da bebida pode “limpar” o motor por dentro. Mas a verdade é que, se decidires experimentar, não só vais estragar o carro como vais preparar uma conta no mecânico que pode ultrapassar os mil euros.
A origem do mito da Coca-Cola no depósito do carro
A Coca-Cola tem fama de ser capaz de tudo: já foi usada para limpar moedas antigas, desentupir canos, remover manchas de óleo e até como desinfetante improvisado. Essa fama alimentou a ideia de que poderia ter algum uso “milagroso” também nos automóveis.
O mito ganhou força porque, sim, a Coca-Cola contém ácido fosfórico e ácido carbónico, substâncias que conseguem dissolver ferrugem e sujidade leve. Mas uma coisa é limpar um parafuso, outra completamente diferente é atirar a bebida para dentro de um sistema de injeção eletrónica de milhares de euros.
O que acontece de verdade dentro do motor
Se colocares Coca-Cola no depósito, o resultado é um desastre anunciado:
Açúcar em excesso
A bebida está carregada de sacarose e frutose. Quando esse açúcar passa pelos tubos de combustível, vai caramelizar com o calor do motor. O resultado? Entupimentos nos injetores e formação de resíduos pegajosos impossíveis de remover sem desmontar tudo.
Ácidos corrosivos
Os mesmos ácidos que “limpam ferrugem” também atacam metais sensíveis do sistema de combustível. Alumínio, cobre e até algumas ligas especiais podem corroer.
Espuma e carbonatação
O gás carbónico presente no refrigerante cria espuma dentro do depósito, alterando a pressão e afetando o funcionamento da bomba de combustível.
Falhas imediatas
O carro pode até andar uns metros, mas rapidamente vais sentir engasgos, falhas e, por fim, o motor simplesmente apaga.
A conta no mecânico
Agora imagina o filme: carro vai para a oficina, o mecânico olha para o depósito e percebe que não é gasolina é Coca-Cola. O que vem a seguir não é bonito:
- Limpeza completa do depósito.
- Substituição dos filtros de combustível.
- Possível troca dos injetores.
- E em casos mais graves, danos na bomba de combustível.
Resultado? Entre 500€ e 1500€ de arranjo, dependendo do modelo do carro. Tudo porque alguém decidiu “experimentar” uma curiosidade da internet.
Mas… dá para usar Coca-Cola em algum ponto do carro?
Curiosamente, sim. Há usos caseiros em que a bebida funciona:
- Limpar terminais da bateria corroídos: a acidez ajuda a soltar a crosta esbranquiçada.
- Remover ferrugem leve em parafusos e ferramentas.
- Tirar gordura de peças metálicas.
Mas atenção: são truques temporários. A Coca-Cola não substitui produtos adequados, nem deve entrar em contacto com partes críticas do carro.
A história da Coca-Cola no depósito é o exemplo perfeito de como um mito pode transformar-se num desastre caro. Sim, a bebida é ácida, sim, pode até “limpar” algumas coisas… mas no motor de um carro, só vai destruir mais depressa do que ajuda.
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