Estás a procurar uma casa para alugar ou até um apartamento para férias e encontras um anúncio irresistível: boas fotos, preço razoável, condições simples. A única exigência? Reservar com apenas 1€ de caução. Parece demasiado bom para ser verdade, mas é exatamente por isso que resulta tão bem. Várias pessoas já foram enganadas por esta burla do arrendamento e está mais lucrativa do que nunca. É que em vez de se pedir muito, pede-se pouco e como tal poucos resistem ao esquema.

Agora já não pedem balúrdios para reservar uma casa

Durante anos, muitos burlões pediam depósitos de 50, 100 ou até 200 euros para “garantir a visita” ou “bloquear a casa”. Só que as pessoas começaram a desconfiar: ninguém devia pagar tanto sem sequer ver o espaço. A resposta dos criminosos foi engenhosa: baixar o valor até se tornar simbólico. Por apenas 1€, já não parece arriscado. “Se for fraude, perco pouco”, pensam as vítimas. Mas é precisamente este raciocínio que os burlões exploram.

O truque é simples: publicam anúncios falsos em sites de arrendamento, redes sociais ou até plataformas conhecidas de alojamento. Usam fotografias reais (roubadas de outras páginas), inventam descrições credíveis e pedem um pagamento mínimo para “confirmar a reserva”. Esse micro-pagamento pode ser feito por MB Way, transferência ou cartão. No fim, desaparecem  mas levam consigo não só o euro como, em muitos casos, os dados bancários ou do cartão usados na transação.

E aqui está o ponto-chave: 1€ vezes centenas ou milhares de pessoas dá um lucro enorme. É um golpe de escala. Em vez de enganarem 5 ou 10 pessoas com depósitos grandes, conseguem enganar 200 ou 500 com um valor irrisório. E quanto mais pessoas caem, mais credível o esquema parece. Afinal, ninguém imagina que alguém monte uma fraude por tão pouco dinheiro.

Outro truque psicológico usado é a sensação de compromisso

Quando alguém paga, mesmo que seja só 1€, sente que já garantiu a casa e baixa a guarda. Se o burlão voltar a pedir documentos para “formalizar a reserva” ou outro pagamento pequeno para “adiantar a limpeza”, a vítima tende a aceitar. É um ciclo de manipulação que começa num gesto simbólico e pode acabar num prejuízo bem maior.

As vítimas mais frequentes são estudantes à procura de quarto, famílias a planear férias de última hora ou pessoas desesperadas para arrendar numa cidade onde os preços estão a disparar. A pressão do tempo. “Se não for hoje, alguém já reserva amanhã” completa o golpe.

Como te podes proteger?

• Nunca acredites em reservas com valores ridiculamente baixos. Uma caução legítima é proporcional ao arrendamento.
• Verifica sempre a identidade do anunciante. Pede contrato, NIF, documentos da propriedade.
• Confirma a morada no Google Maps e tenta uma chamada por vídeo para ver o espaço real.
• Evita transferências para contas pessoais. Usa sempre plataformas oficiais ou empresas que ofereçam proteção ao cliente.

Se já caíste no golpe, age rápido. Contacta o banco para tentar estornar o pagamento, denuncia o anúncio à plataforma e apresenta queixa na polícia. E não fiques calado. Assim partilha a tua experiência em fóruns e redes sociais locais. Utiliza o Grupo Não caias em Esquemas! Alerta anti- burla do Facebook para relatar. A informação é uma das formas mais eficazes de cortar a rede destes criminosos.

No fim de contas, a burla do 1€ de caução é um golpe de mestre porque transforma a desconfiança em confiança. Ao tornar o valor simbólico, os burlões multiplicam as vítimas e engordam os lucros. Mas há um princípio que nunca falha: se algo parece bom demais para ser verdade, provavelmente não é. E se o preço da segurança for só mais um euro, então vale muito mais a pena desconfiar do que cair na armadilha.