Estás numa reunião séria, numa sala cheia ou num autocarro apinhado. Sentes aquela comichão no nariz e percebes que vem aí um espirro. Em segundos, tomas a decisão: “Não posso espirrar agora, vou segurar.” Parece inofensivo. Mas já pensaste no que acontece dentro do teu corpo quando seguras um espirro?
O espirro é um dos mecanismos de defesa mais potentes que temos. O nariz funciona como um filtro que protege os pulmões de poeiras, pólen, bactérias e até vírus. Quando algo irrita a mucosa nasal, o corpo prepara uma verdadeira explosão de ar: mais de 150 km/h, capaz de expulsar milhares de gotículas numa fração de segundo. É como se fosse o “botão de emergência” do sistema respiratório.
Agora imagina bloquear esse processo
Toda a pressão que deveria sair pelo nariz e boca é redirecionada para dentro. E aqui começam os riscos. Os vasos sanguíneos do nariz e dos olhos sofrem uma pressão súbita que pode provocar pequenas hemorragias. Em casos extremos, há relatos médicos de pessoas que romperam tímpanos, sofreram hemorragias cerebrais ligeiras ou até lesões na traqueia por segurarem um espirro demasiado forte.
Claro que são casos raros, mas reais. Um estudo publicado no BMJ Case Reports descreveu um homem que acabou no hospital com uma perfuração na garganta por tentar segurar um espirro. Outro caso relatado envolveu o rompimento de vasos sanguíneos nos olhos e perda temporária de audição. Isto mostra que, apesar de improvável, o risco existe.
E nem precisas de ir tão longe
Quem já tentou segurar um espirro sabe a sensação de dor de cabeça ou tontura logo a seguir. Isso acontece porque a pressão extra afeta temporariamente o fluxo de sangue no cérebro. É como se desse um “choque interno” de alguns segundos.
Mas então porque fazemos isto? O principal motivo é social. Ninguém quer espirrar alto numa reunião, no metro ou numa sala silenciosa. É um reflexo de etiqueta. Mas a verdade é que ao proteger a imagem social, podemos estar a prejudicar a saúde.
A solução não é espirrar para cima dos outros, claro. O ideal é deixar o corpo cumprir a sua função, mas de forma segura: num lenço descartável ou para a parte interna do braço, nunca para as mãos. Assim proteges-te e evitas transmitir vírus ou bactérias.
Resumindo: segurar um espirro pode parecer elegante, mas o corpo não agradece. É como travar um carro em andamento puxando só pelo travão de mão funciona, mas desgasta o sistema e pode dar problemas. Da próxima vez que sentires aquele “aviso no nariz”, lembra-te: libertar é sempre mais saudável do que reter.
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