É uma cena cada vez mais comum: entras no café da esquina, almoças ou comes qualquer coisa rápida, e em vez de puxares da carteira com moedas, encostas o cartão ao terminal e pronto. Nem um segundo de espera, sem trocos, sem moedas a tilintar. Mas a pergunta é: já paraste para pensar no custo real de pagar sempre com cartão de crédito em restaurantes? À primeira vista parece apenas comodidade. Mas por trás desse hábito de pagares refeições com o cartão de crédito, podem esconder-se custos financeiros, riscos de segurança e até impactos na tua forma de gastar dinheiro.
Crédito vs débito: o que quase ninguém pensa
Muitos consumidores já nem distinguem quando passam o cartão. Mas não é o mesmo usar débito ou crédito:
- No débito, o dinheiro sai logo da conta.
- No crédito, o valor só aparece mais tarde na fatura mensal.
É aqui que mora o perigo: pagar todos os pequenos consumos a crédito dá a sensação de que “não custa nada”, mas a fatura chega no fim do mês e pode ser bem mais pesada do que imaginavas.
Os custos escondidos de pagares refeições com o cartão de crédito
1. Efeito psicológico do “dinheiro invisível”
Quando pagas em numerário, vês o dinheiro a desaparecer. No crédito, é só um toque e já está. Isso aumenta a probabilidade de gastares mais sem dar por isso. Estudos mostram que consumidores que usam cartão de crédito gastam em média 15 a 20% mais do que aqueles que usam dinheiro.
2. Taxas que recaem sobre ti (mesmo que não saibas)
Cada vez que passas o cartão de crédito, o comerciante paga uma comissão ao banco. Alguns cafés aumentam discretamente os preços para compensar essas taxas. Ou seja: pagas sempre mais, mesmo que não o vejas na fatura.
3. Retenções temporárias
Em alguns casos, os pagamentos ficam “pendentes” antes de serem processados. Imagina que bebes um café de 1,20 € mas o sistema bloqueia 10 € ou 15 € temporariamente. Pode parecer pouco, mas se fizeres isso dezenas de vezes, vais ter saldo “preso” sem necessidade.
4. Juros e dívidas silenciosas
Se não pagares a totalidade da fatura do cartão no final do mês, entram juros que podem ultrapassar 15% ao ano. Aquele café de 1,20 € pode transformar-se num custo muito maior.
E a segurança?
Pagar com cartão de crédito em cafés e restaurantes também aumenta o número de vezes que expões os teus dados:
- Mais contactos com terminais que podem estar comprometidos.
- Maior risco de clonagem do cartão.
- Em pagamentos pequenos, muitos clientes nem verificam o talão. Trata-se de uma oportunidade perfeita para cobranças erradas.
Já houve casos em Portugal de burlões que adulteraram terminais de pagamento em cafés para copiar dados de cartões.
Exemplo prático
Imagina este cenário:
Todos os dias tomas o pequeno-almoço (3 €) e pagas com crédito. Ao fim do mês, são cerca de 90 € só em cafés e refeições rápidas. Com juros por atraso ou pagamentos parciais, esse valor pode crescer para 100 €, 110 € ou mais. Tudo porque nunca sentiste “o peso” de gastar no momento.
Como evitar cair nesta armadilha
Usa débito para pequenos consumos – assim controlas melhor as despesas.
Reserva o crédito para compras maiores – viagens, eletrodomésticos ou situações de emergência.
Ativa alertas no banco – recebes notificações sempre que o cartão é usado.
Paga sempre a fatura do cartão por inteiro – nunca só o mínimo.
Reintroduz o dinheiro vivo de vez em quando – dá-te consciência real do que gastas.
Pagar no restaurante ou no café com cartão de crédito pode parecer um gesto banal, mas é um hábito que pode sair caro. Entre taxas, juros, riscos de segurança e a ilusão de “dinheiro invisível”, pequenas despesas podem transformar-se num buraco no orçamento.
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