A nova burla nas estradas: acidentes para te extorquir dinheiro

Imagina que estás a conduzir tranquilamente, segues todas as regras de trânsito e de repente és abordado por alguém que insiste que bateste no carro dele. Podes até não ter visto ou sentido nada, mas a convicção com que o burlão fala, associada à pressão do momento, pode levar-te a duvidar. Este é o ponto de partida de uma burla cada vez mais comum nas ruas portuguesas: os falsos acidentes. A PSP tem alertado para este perigo, até muito recentemente, até nas redes sociais.

Como funciona este esquema

O método é relativamente simples, mas altamente eficaz porque joga com o medo e a incerteza da vítima. O esquema segue, normalmente, estes passos:

  • O burlão circula de carro à procura de potenciais alvos.
  • Aborda a vítima alegando que esta lhe bateu no veículo momentos antes.
  • Aponta para “danos” (normalmente riscos ou amolgadelas já existentes) e exige um pagamento imediato.
  • Para evitar chamar a polícia ou “complicar as coisas”, sugere resolver o assunto na hora, com um valor em dinheiro.

Muitas vítimas, intimidadas pela insistência, acabam por pagar para evitar problemas.

É um esquema de pressão psicológica, que se aproveita sobretudo da inexperiência ou receio das pessoas.

Valores baixos para parecer mais credível

Assim um detalhe curioso é que os valores pedidos não são, na maioria das vezes, elevados.

Normalmente rondam entre 10 e 50 euros.

A ideia é simples: pedir pouco para aumentar a probabilidade de a vítima pagar sem questionar demasiado.

Quantias mais altas poderiam levantar suspeitas ou levar a vítima a chamar a polícia.

É precisamente por ser um valor relativamente “aceitável” que muitos cedem, mesmo sem acreditar totalmente na história.

Como as autoridades identificam estas burlas

As forças policiais já estão atentas a este tipo de esquemas. Em várias situações, foram apanhados indivíduos a aplicar exatamente o mesmo método em diferentes zonas do país.

Os sinais que normalmente denunciam o burlão:

  • O “acidente” nunca é testemunhado por outras pessoas.
  • O alegado dano costuma ser antigo e sem relação com o veículo da vítima.
  • Há pressa em resolver “no imediato” e fora de qualquer registo formal.

Quando a polícia é chamada, rapidamente se percebe que a situação não corresponde à realidade.

buracos na estrada vão ser coisa do passado. ciência!

O impacto psicológico na vítima

Mesmo que o valor pedido seja baixo, o impacto pode ser grande. Muitas vítimas relatam medo de represálias, por pensarem que estão perante alguém agressivo, dúvida sobre si próprias, chegando a acreditar que podem ter causado o acidente, vergonha de contar a terceiros, por se sentirem enganadas.

Este tipo de burla não deixa apenas marcas financeiras, mas também emocionais.

Como te podes proteger

Para evitares cair neste esquema, fica atento a estas recomendações:

  • Não cedas à pressão imediata. Se não viste nem sentiste qualquer colisão, confia na tua perceção.
  • Nunca entregues dinheiro na rua. Se o outro condutor insiste, sugere chamar a polícia para fazer o auto de ocorrência.
  • Verifica o veículo com atenção. Muitas vezes os danos apresentados já existiam e não fazem sentido com a alegada colisão.
  • Procura testemunhas. Se possível, pede a alguém próximo para observar a situação.
  • Contacta a tua seguradora. Qualquer acidente deve ser resolvido através do seguro, não em pagamentos diretos.

O que fazer se fores vítima

Se já foste alvo desta burla, não te cales. Denunciar é essencial para que as autoridades possam identificar os responsáveis.

Guarda o máximo de informações possível: matrícula, descrição da pessoa e local.

Contacta de imediato a polícia.

Nunca acredites que “não vale a pena” por causa do valor baixo: cada denúncia ajuda a travar novos casos.

bater com a porta do carro faz mal? mais do que imagina!

Porque estas burlas funcionam?

Entretanto há dois fatores principais que tornam este esquema eficaz:

Medo – ninguém quer problemas com a polícia ou tribunais, mesmo que esteja inocente.

Urgência – ao criar pressão para resolver “já”, o burlão impede a vítima de pensar com calma.

É exatamente esta mistura que faz muitas pessoas cederem, mesmo quando sentem que a história não bate certo.

Um problema em crescimento

Este tipo de burla junta-se a outras cada vez mais comuns em Portugal:

Falsos técnicos de energia que batem à porta,

Burlas bancárias por MB Way ou phishing,

Esquemas de falsos estafetas de entregas.

Em todos os casos, o objetivo é o mesmo: explorar a confiança ou o medo das vítimas para obter dinheiro rapidamente.

Entretanto os falsos acidentes de carro são mais um exemplo de como os burlões adaptam as suas estratégias ao quotidiano. Assim pedem pouco dinheiro, falam com convicção e exploram a insegurança das vítimas. A melhor defesa é a informação: nunca entregues dinheiro na rua, exige sempre o envolvimento da polícia ou da seguradora e não cedas à pressão.

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A ferver

Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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