Ficar sem bateria é um dos maiores dramas do dia a dia. No trabalho, na escola ou até em casa de amigos, a tentação é grande: ligamos o cabo USB do telemóvel ao computador mais próximo e problema resolvido. Mas sabias que este gesto tão inocente pode abrir a porta a roubo de dados, instalação de malware e até clonagem do teu dispositivo? Carregar o telemóvel no PC de outra pessoa pode ser muito mais arriscado do que imaginas e a explicação está na forma como o USB funciona.
O USB não é só energia
Muita gente pensa que a entrada USB serve apenas para carregar. Mas a verdade é que o USB foi criado para alimentação e transferência de dados.
Quando ligas o cabo, não só passa eletricidade, como também é estabelecida uma ligação de comunicação.
Dependendo do cabo e do dispositivo, essa ligação pode permitir transferir ficheiros, aceder a fotos e até instalar software.
Ou seja, ao carregar num PC alheio, estás a criar uma ponte direta entre o teu telemóvel e um sistema que não controlas.
Os riscos escondidos
1. Roubo de dados pessoais
Um computador comprometido pode copiar automaticamente contactos, fotos e até credenciais de login guardadas no telemóvel.
2. Instalação de malware
Há técnicas conhecidas como juice jacking, em que o PC envia malware para o dispositivo assim que o ligas. Esse software pode:
- registar teclas digitadas,
- aceder a apps bancárias,
- espiar mensagens e chamadas.
3. Clonagem do dispositivo
Em casos mais avançados, é possível criar uma cópia dos dados do telemóvel. Imagina perder não só as fotos e conversas, mas também acesso ao email e redes sociais.
Cenários comuns de risco
No trabalho: ao carregar num PC partilhado, nunca sabes se o sistema está seguro ou se tem algum software oculto.
Em bibliotecas ou escolas: computadores públicos são alvos fáceis de vírus.
Aeroportos ou hotéis: mesmo que o PC pareça legítimo, pode-se ter manipulado.
Em casa de conhecidos: nem sempre há intenção maliciosa, mas basta o PC ter malware para comprometer o teu telemóvel.
Como te proteger
Felizmente, existem formas simples de reduzir os riscos:
Usa sempre um adaptador de tomada. Carrega o telemóvel diretamente na eletricidade. É a forma mais segura.
Entretanto investe num cabo “apenas de energia”. Existem cabos USB que bloqueiam os pinos de dados e permitem apenas carregar.
Desativa a transferência de dados por defeito. Em muitos smartphones, ao ligar por USB surge uma opção: “Só carregar”. Ativa sempre esta opção.
Evita computadores públicos ou desconhecidos. Se não confias no PC, não o uses para carregar.
Prefere powerbanks. Levar uma bateria portátil elimina a necessidade de depender de computadores.
Erros que não deves cometer
Usar cabos de origem duvidosa: podem-se modificar para roubar dados.
Ignorar pedidos de permissão: se o telemóvel perguntar se queres partilhar ficheiros, nunca aceites em computadores que não são teus.
Confiar apenas por ser “um amigo”: o risco não é sempre a pessoa, mas sim o estado do computador.
Curiosidade: a origem do “juice jacking”
O termo surgiu em 2011, quando investigadores de segurança montaram uma estação falsa de carregamento num aeroporto. Em poucos minutos, dezenas de pessoas ligaram os telemóveis. O objetivo era apenas demonstrar: se fosse real, todos aqueles dispositivos podiam ter sido comprometidos.
Desde então, este tipo de ataque foi replicado em vários testes e até usado por criminosos em locais públicos.
Assim carregar o telemóvel num computador alheio pode parecer uma solução rápida, mas pode custar caro. O USB não transporta só energia: transporta também dados. E basta um PC comprometido para transformar esse gesto num roubo silencioso da tua vida digital.
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