O truque das marcas próprias dos supermercados que pode enganar

As marcas próprias dos supermercados já conquistaram o seu espaço em Portugal. São mais baratas, têm boa apresentação e, em muitos casos, parecem idênticas às marcas conhecidas. Mas por detrás desta estratégia há um truque inteligente de marketing que até os consumidores mais atentos podem não perceber.

O que são afinal as marcas próprias?

Quando falamos de “marca própria”, referimo-nos a produtos vendidos com o logótipo do supermercado. Há do Continente, Pingo Doce, LIDL ou ALDI mas que são muitas vezes fabricados pelas mesmas indústrias que produzem para grandes marcas.

A ideia é simples: oferecer uma alternativa mais barata que fidelize o cliente e aumente a margem de lucro da cadeia de retalho. Mas o modo como estes produtos são apresentados nem sempre é inocente.

Bebidas de leite em garrafas no supermercado.

O truque da embalagem

Um dos truques mais comuns é o design das embalagens. Muitos produtos de marca própria são intencionalmente criados para se parecerem com os das marcas líderes. As cores, os formatos e até os tipos de letra são pensados para criar familiaridade visual.

O resultado é que, num corredor cheio de opções, o consumidor associa inconscientemente o produto barato à qualidade da marca conhecida. E, muitas vezes, leva-o para casa sem se dar conta de que não comprou o original.

O jogo do posicionamento nas prateleiras

Outro detalhe é a colocação estratégica. Supermercados posicionam as marcas próprias ao lado das líderes, quase como se fossem “irmãs”. Além disso, costumam ficar à altura dos olhos, enquanto as marcas concorrentes podem ser relegadas para as prateleiras superiores ou inferiores.

O objetivo é simples: aumentar a probabilidade de escolha pelo fator conveniência.

Nem sempre é mau negócio

É importante dizer que as marcas próprias não são necessariamente piores. Pelo contrário, muitos testes de qualidade mostram que, em vários casos, são idênticas ou até melhores do que as marcas líderes.

O verdadeiro “truque” está na perceção do consumidor: acredita estar a fazer uma escolha consciente, quando na realidade foi influenciado pelo design, pelo preço e pelo posicionamento do produto.

Quando o barato pode sair caro

Embora muitas marcas próprias ofereçam boa relação qualidade-preço, nem sempre são iguais. Há produtos onde a diferença é clara:

Higiene pessoal: champôs, cremes ou pastas de dentes podem ter fórmulas simplificadas.

Biscoitos e snacks: muitas vezes têm mais açúcares ou óleos de menor qualidade.

Produtos frescos: podem variar em origem e conservação.

Por isso, a regra é não assumir que “é sempre igual”. Convém comparar rótulos e ingredientes.

Como comprar de forma inteligente

Compara os rótulos: ingredientes e valores nutricionais dizem muito mais do que o design.

Experimenta aos poucos: alguns produtos de marca própria são excelentes, outros podem desiludir.

Não vás só pelo preço: lembra-te que um valor mais baixo pode refletir diferenças na qualidade.

Sê crítico com as embalagens: a semelhança visual é uma estratégia, não um acaso.

Entretanto o truque das marcas próprias não é enganar sobre a qualidade, mas sim sobre a perceção. Assim a forma como são embaladas, posicionadas e comunicadas faz com que os consumidores as escolham sem pensar duas vezes.

A melhor estratégia? Não cair apenas no “parece igual”. Olha para os rótulos, compara ingredientes e escolhe de forma consciente. Assim, garantes que o barato não sai caro.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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