A coisa começa a ser um bocadinho irritante. A indústria automóvel decidiu seguir o pior caminho dos videojogos live-service e transformar carros em plataformas de microtransações.
Infelizmente, a última a cair na tentação foi a Volkswagen, que resolveu meter a velocidade atrás de uma paywall. Sim, leste bem. Para o teu ID.3 dar tudo o que pode, tens de abrir a carteira todos os meses.
Quanto custa usar os cavalos do teu carro?
No Reino Unido, os condutores do ID.3 têm duas opções: pagar 16~.50 libras por mês (cerca de 22 euros) ou dar 649 libras (880 euros) de uma vez para desbloquear a potência total.
Ou seja, apesar do facto de o carro vir de fábrica com 228 cv, a VW só te dá 201 cv até pagares o “upgrade”. O mais irónico? O carro está tecnicamente preparado para a potência máxima desde que sai da linha de produção.
Não é novidade… mas continua a ser um escândalo!
A Mercedes já tinha tentado a mesma jogada em 2022, cobrando 1200 dólares anuais para desbloquear performance extra, mas acabou por baixar o preço em mais de 90% porque ninguém quis alinhar.
A BMW não foi tão longe com potência, mas andou a brincar com coisas como bancos aquecidos e até tentou cobrar pelo Apple CarPlay.
Porque é que isto irrita tanto?
Simples, o carro não muda. São limitações via software. Tudo já está dentro do carro.
O que se paga é apenas uma linha de código que desbloqueia o que já é teu, sendo exatamente aqui que a coisa soa a gozo. Estás a dar milhares de euros por um carro novo e depois tens de pagar mais para ele funcionar como devia desde o início.
O futuro? Hackers e subscrições em massa?
Se há coisa que já se sabe, é que os hackers vão adorar este modelo. No caso da Tesla, já provaram que conseguem desbloquear funcionalidades sem pagar um cêntimo. Mais cedo ou mais tarde, o mesmo vai acontecer com estes Volkswagen, ou com qualquer outra fabricante.
Mas até lá, as marcas como a GM, a Stellantis e a Ford esfregam as mãos: todas querem transformar este modelo em milhares de milhões de euros extra até ao final da década.
No fundo, o carro elétrico prometia simplicidade. Menos peças, menos manutenção, mais eficiência. Mas se a indústria continuar a entupir tudo com subscrições e microtransações, o que se ganha de um lado perde-se em confiança do consumidor. Especialmente quando os carros Chineses estão a entrar à bruta com qualidade, performance, e claro, preços mais baixos.