Parece uma cena saída de um filme antigo: parquímetros, moedas e aquele papelinho no vidro do carro. Com tantas apps de estacionamento e pagamentos digitais, muitos pensaram que as burlas nos parquímetros tinham ficado no passado. Mas nos últimos meses, vários condutores têm denunciado o regresso de um truque antigo… agora com uma versão mais sofisticada e difícil de identificar.
Como funciona a burla
A técnica é simples, mas engenhosa. O burlão insere uma moeda verdadeira no parquímetro, mas modifica ou bloqueia o mecanismo interno para que a máquina devolva a moeda ou não registe o pagamento corretamente.
O truque clássico era colocar um pedaço de plástico, fita adesiva transparente ou até cola no orifício das moedas. Assim, quando um condutor tentava pagar, a moeda ficava presa ou era rejeitada, e o burlão recuperava-a mais tarde.
A nova versão e porque é mais perigosa
Agora, o esquema evoluiu. Em vez de bloquear completamente o mecanismo, os burlões usam pequenos adaptadores metálicos ou impressos em 3D que deixam a moeda passar… mas fazem com que o parquímetro registe apenas parte do valor.
Exemplo: colocas 1€, mas a máquina regista 0,20€ e imprime um talão com menos tempo do que pagaste. Isto cria duas situações perigosas:
- Ficas a achar que estás legal, mas na verdade o tempo de estacionamento é menor.
- O burlão pode, mais tarde, recuperar moedas ou enganar outros condutores, repetindo o esquema.
O caso real no centro de Lisboa
Um condutor estacionou, colocou 2€ no parquímetro e recebeu um talão para apenas 40 minutos quando esperava pelo menos duas horas. Achou estranho, mas estava com pressa e não confirmou.
Quando regressou, tinha uma multa no vidro. Ao falar com outros condutores na zona, percebeu que todos tinham tido o mesmo problema naquele parquímetro específico. A polícia acabou por descobrir um adaptador no interior, colocado de forma a manipular o registo.
Porque é tão difícil de perceber
O talão sai normalmente, apenas com menos tempo.
O parquímetro não mostra erro ou aviso.
Como a maioria das pessoas não memoriza a tarifa por minuto, poucos notam a diferença no valor.
O esquema é rápido de montar e desmontar, tornando difícil apanhar o burlão em flagrante.
Como te proteger desta burla
- Sabe quanto custa o estacionamento por hora na zona onde estás. Assim, consegues perceber se o tempo no talão bate certo com o valor inserido.
- Verifica sempre o talão antes de sair do local.
- Prefere pagamentos digitais por app ou MB Way. Assim é mais difícil para os burlões interferirem.
- Denuncia de imediato qualquer parquímetro com comportamento estranho à polícia ou à entidade gestora.
- Evita usar moedas raras ou de alto valor que possam chamar a atenção de quem manipula a máquina.
E se já foste vítima?
Se descobrires que pagaste e o tempo no talão não corresponde, guarda o talão e tira uma foto ao parquímetro com a hora e local visíveis. Contacta a entidade gestora e explica o sucedido.
Se receberes uma multa, essa prova pode ajudar a contestar, especialmente se houver outros casos na mesma zona.
O perigo extra das moedas “enganadas”
Além do prejuízo no estacionamento, este esquema é usado como isca para outros crimes. Burlões mais experientes observam quem fica a mexer demasiado tempo no parquímetro ou parece confuso e aproveitam para roubar carteiras ou assaltar carros quando a vítima se afasta.
As burlas modernas não precisam de computadores ou hackers. Às vezes, basta uma pequena peça de metal para causar prejuízo. Por isso, da próxima vez que usares um parquímetro, confirma sempre se o que pagaste corresponde ao tempo impresso.
Pequenos detalhes podem fazer uma grande diferença… e evitar que acabes com uma multa e uns euros a menos no bolso.