Beber água com gás parece uma escolha saudável, sobretudo para quem quer cortar nos refrigerantes. É refrescante, tem zero calorias e até ajuda a sentir-se mais saciado. Mas há um detalhe que muitos ignoram: nem toda a água com gás é igual, e algumas podem afetar os rins especialmente em pessoas com predisposição para problemas renais.
Neste artigo explicamos quando a água com gás pode ser prejudicial, o que deves verificar no rótulo e quem deve mesmo evitar o seu consumo frequente.
Água com gás é só água com bolhas?
Nem sempre. Existem dois tipos principais de água com gás:
Naturalmente gaseificada: como a Água das Pedras ou San Pellegrino. A gaseificação já está presente na nascente.
Gaseificada artificialmente: água normal à qual é adicionado dióxido de carbono (CO₂).
Ambas parecem inofensivas, mas o verdadeiro risco não está nas bolhas. Está na composição mineral da água, sobretudo o teor de sódio, cálcio e outros minerais que podem sobrecarregar os rins.
O verdadeiro perigo: o teor de sódio
Muitas águas com gás, especialmente as naturais, têm um teor elevado de sódio. Em pessoas saudáveis, o excesso de sódio pode ser eliminado sem grandes consequências.
Mas para quem tem:
- Pressão arterial alta
- Doença renal crónica
- Propensão para cálculos renais
- Retenção de líquidos frequente
… o consumo regular de água com gás rica em sódio pode agravar o problema.
Em alguns casos, uma garrafa de 1 litro de água com gás pode conter mais de 500mg de sódio. Na prática o equivalente a cerca de 25% do limite diário recomendado.
Como saber se a tua água com gás é segura?
É simples: olha para o rótulo e verifica a tabela de composição. Os três principais elementos a vigiar são:
Sódio (Na) – idealmente abaixo de 100mg/L
Cálcio (Ca) – não é perigoso por si, mas em excesso pode formar pedras nos rins
Bicarbonato (HCO₃) – pode causar distensão abdominal, mas não é grave para os rins
Se fores propenso a problemas renais ou pressão alta, opta por águas com gás com baixo teor de sódio e minerais. Algumas marcas indicam no rótulo “baixo teor mineral”. Essas são as melhores opções.
Água com gás e medicamentos
Pouca gente sabe, mas a água com gás pode interferir com a absorção de certos medicamentos, nomeadamente:
- Antiácidos
- Suplementos de ferro
- Alguns antibióticos
Isto acontece porque o pH da água com gás é mais ácido, o que altera temporariamente o ambiente do estômago. Por isso, não tomes medicamentos com água com gás. Assim opta sempre por água lisa.
Beber ocasionalmente faz mal?
Não. Para a maioria das pessoas saudáveis, beber água com gás de vez em quando não traz risco nenhum. Os rins são capazes de lidar com a carga mineral sem dificuldade desde que:
A ingestão de água normal (sem gás) continue a ser predominante, não existam doenças renais, cardíacas ou hipertensão, não seja consumida em grandes quantidades todos os dias. Ou seja: moderação é a chave.
Crianças e grávidas devem evitar?
Sim por precaução. Entretanto em crianças pequenas, o excesso de sódio e minerais pode sobrecarregar rins ainda imaturos.
Em grávidas, o equilíbrio hídrico e a retenção de líquidos são mais delicados, e muitas águas com gás aumentam a sensação de inchaço e distensão.
Nestes casos, é preferível beber água lisa ou levemente mineralizada.
Alternativas seguras
Se gostas da sensação do gás mas queres proteger os teus rins, considera:
- Com baixo teor de sódio (ex: algumas versões da Vitalis ou Luso com gás)
- Água aromatizada com gás sem açúcar, desde que verifiques o teor mineral
- Fazer a tua própria água em casa (com máquinas tipo SodaStream) e usares água mineral baixa em sódio
A água com gás pode ser refrescante e saudável mas só se fores atento ao que estás a beber. O perigo não está nas bolhas, mas sim nos níveis de sódio e minerais, que variam muito de marca para marca.
Se tens tendência para problemas renais, hipertensão ou retenção de líquidos, ler o rótulo é obrigatório. E mesmo que sejas saudável, beber grandes quantidades todos os dias não é recomendável.