“Desculpe, sabe que horas são?” Parei, olhei para o telemóvel e respondi. Como faria qualquer pessoa. Mas foi exatamente aí que começou o erro e eu só percebi minutos depois. Estamos habituados a confiar em interações simples, quase automáticas. Mas há uma nova forma de burla a circular em Portugal e começa com uma pergunta inofensiva feita no meio da rua. A maioria das pessoas nem se apercebe. Eu também não me apercebi. Até começar a somar os estranhos detalhes.
Esta pergunta que te fazem na rua pode ser o início de um roubo
Se já te fizeram esta pergunta ou se alguém se aproximou de ti com um pedido “rápido” fica a ler. Pode poupar-te muito mais do que uma resposta.
Tudo começa com a pergunta errada… no momento certo. Estava à porta do carro, com as compras na mão e o telemóvel meio pendurado no bolso. A pessoa aproximou-se devagar, com um ar simpático: “Desculpe… sabe onde fica a rua X?”. Mas em muitos casos pode ser “Consegue dizer-me as horas?” ou “Importa-se de me emprestar o telemóvel só para ligar para a minha mãe?” São perguntas estratégicas. Rápidas, educadas, não ameaçadoras.
Mas o objetivo não é a resposta. É quebrar a tua atenção. Criar uma distração curta, mas eficaz.
O que acontece enquanto respondes
O que tu não vês mas que está a acontecer ao mesmo tempo pode ser um dos seguintes cenários:
- Alguém está a aproximar-se pelas costas para roubar algo do teu bolso ou da tua mala aberta.
- Estás a tirar o telemóvel do bolso, e ele é levado da tua mão em segundos.
- A pessoa que fez a pergunta está a gravar o PIN que colocaste no ecrã. E se tiver visto onde guardas o telefone, o resto é fácil.
- Se emprestas o telemóvel “só para uma chamada rápida”, ele desaparece nas mãos do burlão no segundo seguinte.
Em todos os casos, tu foste manipulado pela cortesia. Porque a pergunta parecia normal. Mas não era.
Porque é que esta técnica funciona tão bem
Este tipo de burla está a crescer por um motivo simples: é discreta. Não há gritos. Não há agressão. Nem tão pouco cena. Tu só percebes que algo aconteceu quando já é tarde demais.
Como reconhecer (e evitar) este tipo de esquema
Aqui vão alguns sinais de alerta e defesas simples:
Desconfia de interações demasiado casuais, vindas do nada.
Se alguém se aproxima de forma aleatória e quer algo físico (telemóvel, ajuda, mapa), afasta-te educadamente e mantém o foco.
Nunca entregues o teu telemóvel a desconhecidos.
Nem por “10 segundos”. Nem “só para uma chamada”. Se queres ajudar, faz a chamada tu próprio.
Olha à tua volta antes de responder.
Muitas vezes há mais do que uma pessoa envolvida, e o objetivo é cercar-te com distracções.
Guarda sempre o telemóvel no bolso frontal e com fecho.
Evita bolsos traseiros ou malas abertas são alvos fáceis em esquemas com distração.
A pergunta parece inocente. Mas pode ser tudo menos isso.
O que aprendi neste episódio é simples: os burlões já não usam violência usam simpatia. O sorriso é a nova arma. A confiança, o novo truque. E basta um segundo de distração para perderes o que levas no bolso… ou algo ainda mais valioso.
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Às vezes, a melhor resposta é desconfiar.