Foi numa manhã qualquer. Acordei, fui à cozinha, abri o frasco do café… e nada. Nenhum aroma. Como se alguém tivesse apagado o mundo à minha volta. Tentei com o champô, com o detergente da loiça, com o perfume. Zero. A minha primeira reação? “Devo estar constipada.” Mas não havia tosse, nem nariz entupido, nem febre. Estava bem. Só que… sem cheiro. Sem gosto. Sem referência. Nos dias seguintes, descobri algo que nunca pensei viver: o impacto real de ficar sem olfato e o medo que vem com isso.
Ficar sem olfato: o momento em que tudo muda
Entretanto o primeiro impacto foi óbvio: a comida. Não sabia bem. Ou melhor, sabia a… textura. Comi arroz com frango e parecia que mastigava papel. Um chocolate de leite caro parecia um bloco de açúcar mole. E o mais irónico? Até o meu café preferido se transformou em água quente e amarga.
Mas a comida foi só o início. Comecei a reparar noutros perigos:
Será que o leite está estragado? Já não conseguia cheirar. Será que o gás está ligado? Não fazia ideia.
E se o lixo já estiver a cheirar mal? Era como viver às escuras — mas com o nariz.
O olfato é mais importante do que pensamos
Fiz algumas pesquisas e fiquei em choque: O olfato não é apenas “cheirar bem”. É uma linha direta com o cérebro.
Está ligado à memória emocional (já reparaste como um cheiro pode levar-te à infância em segundos?); Está associado ao apetite e à digestão; Para além disso pode ser um sinal precoce de várias doenças neurológicas, como Parkinson ou Alzheimer.
E pior: perder o olfato sem motivo aparente pode ser um sinal de alerta.
E se fosse algo grave?
Os primeiros dois dias tentei ignorar. Mas ao terceiro, entrei em pânico. Fui ao médico. Fiz análises. Perguntaram se tinha tido COVID recentemente (não). Se tinha batido com a cabeça (também não). Se tomava algum medicamento novo (não). No final, disseram-me que podia ser um pequeno episódio inflamatório no nervo olfativo. Sem explicação. Sem certeza.
E, por sorte, ao quarto dia… comecei a cheirar.
Primeiro o sabão. Depois o pão torrado. E finalmente, o meu perfume favorito.
Voltou tudo. Mas eu já não era a mesma.
O que aprendi com isto
Nunca mais subestimei o olfato. Perdê-lo por uns dias foi assustador — imagina quem o perde para sempre. Fiquei mais atenta ao meu corpo. Um sintoma estranho não é “normal só porque sim”. É um sinal.
Passei a valorizar o cheiro das pequenas coisas. O pão acabado de cozer. A roupa lavada. O cabelo de quem gostamos. Coisas simples… mas que nos ligam à vida.
Conclusão: Quando deixas de sentir, aprendes a valorizar
Estar sem olfato por três dias parece pouco. Mas foi suficiente para me virar do avesso.
Entretanto percebi que, às vezes, só damos valor ao que sentimos… quando deixamos de o sentir.
Se alguma vez perderes o olfato sem motivo vai ao médico. Não deixes passar. Assim o teu nariz pode estar a dizer algo que o resto do corpo ainda não sabe.