Já alguma vez foi ao oftalmologista e ouviu que os seus olhos têm “forma de bola de râguebi”? Ou deu por si com a visão cada vez mais desfocada, dificuldade em focar ou sombras ao ler? Se sim, não está sozinho. Estima-se que cerca de 40% da população mundial tem astigmatismo e muitos nem sequer sabem.
O que é afinal o astigmatismo?
Imagine o seu olho como uma câmara fotográfica. A luz entra pela parte da frente (a córnea), passa por uma lente (o cristalino) e projeta-se num “ecrã” interno (a retina). Para a imagem ficar nítida, tudo tem de estar bem alinhado e com o formato certo. Quando isso não acontece, surge um erro de focagem o que chamamos de erro refrativo.
O astigmatismo é um desses erros. Acontece quando a superfície do olho, sobretudo a córnea, deixa de ser perfeitamente curva. Em vez de redonda como uma bola, fica mais oval como um ovo ou uma bola de futebol americano.
O resultado? A luz espalha-se em vários pontos na retina, causando visão desfocada, distorcida, com sombras ou até dupla. Às vezes nota-se mais à noite, ao conduzir ou ao olhar para letras pequenas.
Pode aparecer em qualquer idade
O astigmatismo não escolhe idades. Pode surgir em crianças, adultos ou aparecer com o tempo. Muitas pessoas nascem com ele, mas o formato da córnea pode alterar-se com o envelhecimento, lesões ou condições como o ceratocone em que a córnea se torna cónica.
Casos mais ligeiros podem passar despercebidos, mas quando o grau aumenta, surgem sintomas como cansaço visual, dores de cabeça e esforço excessivo para ver ao longe ou ao perto.
Como é diagnosticado?
O diagnóstico é feito no consultório do optometrista ou oftalmologista, durante o teste de refração. Nestes testes, são colocadas lentes diferentes à frente dos olhos até se encontrar a combinação perfeita para uma visão nítida. Em casos mais complexos, como o astigmatismo irregular, recorre-se a exames mais sofisticados como a topografia corneana, um mapa 3D da superfície do olho.
Tem tratamento?
Sim, e vários. O mais comum é o uso de óculos com lentes cilíndricas, especialmente desenhadas para compensar as curvaturas da córnea. Também existem lentes de contacto especiais que corrigem o astigmatismo com precisão.
Para quem quer livrar-se dos óculos, há alternativas como:
- Cirurgia refrativa (laser), indicada para astigmatismos leves a moderados.
- Ortoqueratologia (Ortho-K), um método em que se usam lentes rígidas durante a noite para moldar temporariamente a córnea.
- Em casos graves ou irregulares, pode ser necessária cirurgia com transplante de córnea.
E nas crianças? Devo preocupar-me?
Sim e não. O astigmatismo não é uma doença grave, mas em crianças pode afetar o desenvolvimento da visão, a aprendizagem e até a coordenação motora. Altos níveis de astigmatismo não corrigidos podem provocar “olho preguiçoso” (ambliopia) ou desvios oculares.
Por isso, é essencial fazer exames visuais regulares, sobretudo antes de entrarem na escola. Quanto mais cedo se detetar, mais fácil é corrigir.
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