Durante anos, ouvimos a mesma mensagem repetida em campanhas de segurança rodoviária: “Se beber, não conduza.” Mas há outro perigo silencioso, tão letal quanto o álcool ao volante, e que é muitas vezes ignorado. Chama-se microsleep. Assim o álcool não é o maior perigo na estrada.
Achava que o álcool era o maior perigo na estrada? Não é!
A condução com fadiga mata e está mais presente do que imagina. Um condutor sonolento pode ter os mesmos reflexos de alguém com uma taxa de álcool no sangue de 0,8 g/l, o que em muitos países já é considerado crime. Mas ao contrário do álcool, a fadiga não deixa cheiro, não acusa no balão, e muitas vezes nem se nota… até ser tarde demais.
Fadiga: o inimigo invisível
Conduzir cansado não significa apenas ter sono. Envolve um conjunto de sintomas subtis, mas perigosos:
- Bocejos constantes;
- Pálpebras pesadas ou dificuldade em manter os olhos abertos;
- Dificuldade em manter a direção;
- Sensação de “viajar no automático” e esquecer os últimos quilómetros;
- Irritabilidade e distração.
Estes sinais são mais do que um aviso: são um alarme. Quando ignorado, este estado de fadiga pode causar um “microsleep” – pequenos episódios de sono com duração de 1 a 10 segundos. E basta esse curto instante para tudo mudar.
Imagine fechar os olhos durante 4 segundos a 100 km/h. Percorreu mais de 100 metros completamente às cegas.
As estatísticas não mentem
Só nos Estados Unidos a sonolência está associada a cerca de 100 mil acidentes por ano. Já um estudo europeu revelou que cerca de 1 em cada 5 condutores já adormeceu ao volante pelo menos uma vez. Entretanto a fadiga está envolvida em até 30% dos acidentes mortais nas autoestradas.
Estes números são assustadores, e são apenas estimativas. Assim muitos acidentes provocados pelo sono não são oficialmente identificados como tal.
O que acontece ao corpo?
Durante a fadiga, há uma queda drástica da vigilância, do tempo de reação e da capacidade de tomar decisões. Isto acontece porque o cérebro, literalmente, desliga áreas críticas para o desempenho cognitivo, mesmo quando ainda estamos acordados.
Além disso, quando estamos privados de sono, o risco de erros aumenta, a coordenação motora diminui e os reflexos tornam-se mais lentos. Ou seja, tudo o que não queremos quando conduzimos a alta velocidade.
Como os fabricantes estão a responder
Felizmente, as marcas de automóveis estão a reconhecer este risco crescente. Muitos modelos modernos incluem sistemas de deteção de fadiga:
- Sensores que monitorizam o comportamento do condutor (movimentos bruscos do volante, saída de faixa, etc.);
- Alertas visuais e sonoros;
- Mensagens no painel de bordo como “Hora de fazer uma pausa”;
- Em alguns casos, sugestão de locais próximos para parar.
Estes sistemas são úteis, mas não substituem o bom senso. A responsabilidade continua a ser do condutor.
O que fazer se estiver com sono ao volante?
Se sentir sono a aproximar-se, não force a viagem. Aqui ficam algumas dicas práticas:
- Planeie pausas regulares: pare de 2 em 2 horas, mesmo que se sinta bem.
- Café e movimento: uma pequena caminhada e um café ajudam a recuperar algum foco mas não adiam o sono por muito tempo.
- Evite viagens em horários críticos: entre a 1h e as 6h da manhã e depois do almoço (13h-15h), o corpo está naturalmente mais propenso à sonolência.
- Não conduza depois de um dia exaustivo, mesmo que ache que aguenta.
- Se for mesmo preciso dormir, pare e faça uma sesta curta de 15 a 20 minutos.
Conclusão: a vida vale mais que o destino
Conduzir sonolento é negligente e extremamente perigoso. Tal como ninguém deve conduzir embriagado, também não se deve conduzir cansado. A diferença? Muitas vezes, nem nos apercebemos de que estamos em risco e é por isso que a fadiga é tão traiçoeira.
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