Sábado, Agosto 2, 2025

Multas de trânsito ajustadas ao rendimento vão chegar a Portugal?

Em Espanha, o grupo parlamentar Sumar propôs recentemente uma medida inovadora que está a gerar debate: a graduação das multas de trânsito ajustadas ao rendimento do infrator. A ideia não é nova — países como Suécia, Dinamarca, Suíça e até o Reino Unido já adotam sistemas semelhantes. Mas poderia fazer sentido aplicar uma abordagem idêntica em Portugal?

Multas de trânsito ajustadas ao rendimento: vão chegar a Portugal?

A proposta espanhola surge no contexto de uma iniciativa legislativa que pretende, entre outras coisas, reduzir o limite legal de álcool ao volante. Também proibir avisos entre condutores sobre controlos policiais. Aproveitando a discussão, o partido Sumar apresentou uma série de emendas, incluindo uma que defende a progressividade das sanções monetárias segundo o rendimento bruto anual do condutor.

Police, officer and man texting with phone in patrol car for security contact, law enforcement update and mobile notification. Policeman typing message on cellphone for crime news, connection and app.

Como serão as multas

+150% se ganharem entre 70.000 e 85.000 euros/ano

+300% entre 85.000 e 100.000 euros

+500% se ultrapassarem os 100.000 euros/ano

Em contrapartida, quem aufere até 1,5 vezes o salário mínimo poderia ter reduções de 30%, e 15% para quem ganha entre 1,5 e 2,5 vezes esse valor.

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A lógica é simples: uma multa de 500 euros não tem o mesmo impacto para quem ganha 1100 euros mensais e para quem recebe 10000 euros. Sumar considera, por isso, que a eficácia dissuasora das multas só será real se estas forem ajustadas ao poder de compra do infrator.

E em Portugal, faria sentido?

Atualmente, as multas em Portugal variam consoante a gravidade da infração e são fixas, independentemente do rendimento do condutor. A introdução de um modelo progressivo exigiria mudanças profundas na legislação e uma articulação entre várias entidades, como a AT (Autoridade Tributária), a Segurança Social e o Instituto Nacional de Estatística, para verificação de rendimentos.

A medida poderia enfrentar resistência. No entanto poderia também ser vista como uma forma mais justa e equitativa de aplicar a lei, reforçando o caráter pedagógico e dissuasor das coimas. Sobretudo em áreas como o excesso de velocidade, uso do telemóvel ao volante ou condução sob efeito de álcool.

Num momento em que a segurança rodoviária continua a ser uma preocupação em Portugal — com milhares de infrações registadas anualmente —, talvez esteja na altura de repensar o sistema sancionatório, tornando-o mais adaptado à realidade socioeconómica dos cidadãos. Uma fiscalização mais justa e com maior impacto educativo pode ser um caminho para reduzir comportamentos de risco nas estradas.

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Bruno Fonseca
Bruno Fonseca
Fundador da Leak, estreou-se no online em 1999 quando criou a CDRW.co.pt. Deu os primeiros passos no mundo da tecnologia com o Spectrum 48K e nunca mais largou os computadores. É viciado em telemóveis, tablets e gadgets.

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